Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Figura 3 – Pedro Calmon (dir) posa com D. Adelaide de Castro Alves Guimarães 79
A escravidão africana, abordada por Pedro Calmon com maior ou menor ênfase,
fez-se sempre presente na construção do cotidiano da sociedade em formação. Nas casas
coloniais, por exemplo, descritas como prédios quadrados “de rijos contrafortes”, com
“sonoros batentes” e janelas inferiores com “gradil de senzala”, não podiam eles faltar – os
escravos. Dentro das casas, eram bem representados pelas negras “mucamas” que lá de
“dentro vozeavam confusamente” na “azáfama caseira”. Do lado de fora, descreve Pedro
Calmon, “naquelas largas soleiras de pedra os pretos cativos, com o olho bovino preso na
tranqüilidade da maré gaguejavam a reza, o canto e a blasfêmia...” 80 .
Não só nas casas, mas também nas ruas, aparecem os africanos e seus descendentes
no dia-a-dia da escravidão evidenciada pelo autor. No Rio de Janeiro do século XIX,
estavam lá
(...) pretos vendedores de manjares, cabeleireiros ambulantes e mercadores de bebidas e
refrigerantes, [que] faziam o seu negócio sobre as tendas de lona, com cães vadios ao pé,
79 “A senhora D. Adelaide de Castro Alves Guimarães, irmã de Castro Alves, em companhia dos jornalistas
Amadeu Amaral, diretor da «Gazeta», Pedro Calmon e Porto da Silveira”. GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ), 27
jul 1923.
80 CALMON, Pedro. “Arte Brasileira”. In: GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ), 04 jun 1926.
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