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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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Brasil <strong>de</strong>veria ser entendida como “uma sucessão <strong>de</strong> fenômenos sócio-históricos cuja<br />

inter<strong>de</strong>pendência constitui a lógica da civilização e lhe dá o sentido” 24 . D<strong>em</strong>onstrando<br />

preocupação <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolver sua consciência histórica pautada sob paradigmas inovadores,<br />

<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> discute a partir <strong>de</strong>les aspectos que consi<strong>de</strong>rou importantes para a construção<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Apresenta-os no prefácio explicativo da obra que, <strong>em</strong> 19<strong>33</strong>,<br />

propunha ser a “história social, econômica, administrativa e política. A história da<br />

civilização brasileira” 25 . A lista representa a influência que <strong>de</strong>clarou ter tido <strong>de</strong> Henri<br />

Berr, cujo i<strong>de</strong>al era construir uma cooperação interdisciplinar entre as chamadas ciências<br />

do hom<strong>em</strong> e da socieda<strong>de</strong> 26 .<br />

Ocorre que mesmo incorporando aspectos <strong>de</strong> novos paradigmas historiográficos<br />

<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> não consegue romper com o mo<strong>de</strong>lo historicista estabelecido pela geração<br />

anterior, representada principalmente por Francisco Varnhagen, e que privilegiou o ponto<br />

<strong>de</strong> vista estatal <strong>em</strong> suas obras, dando linha <strong>de</strong> seguimento à história nacional s<strong>em</strong>pre a<br />

partir da formação do Estado 27 . Esta opção d<strong>em</strong>onstra que a HCB é, <strong>em</strong> muitos aspectos,<br />

voltada para as elites conservadoras, ou melhor: “<strong>de</strong>stina-se aos estudantes dos cursos<br />

superiores” 28 – como <strong>de</strong>clarou o autor. A escolha reflete o comprometimento <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong> com as classes dirigentes, e <strong>de</strong>nuncia o ponto <strong>de</strong> vista do qual <strong>em</strong>erge o seu estudo<br />

sobre a “evolução nacional” e a formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira. Sob variado leque <strong>de</strong><br />

24 CALMON, <strong>Pedro</strong>. JORNAL ACADÊMICO. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 18 ago 1931. Apud CALMON, <strong>Pedro</strong>.<br />

M<strong>em</strong>órias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira. 1995. p.192.<br />

25 HCB, p. 3. [grifos meus]<br />

26 Henri Berr fundou a REVUE DE SYNTHÈSE HISTORIQUE <strong>em</strong> 1900, e teve como colaboradores Marc<br />

Bloch e Lucien Febvre, principais articuladores da chamada História Nova. Cf.: BURKE, Peter. A Escola<br />

dos Annales (1929-1989): a Revolução da historiografia. São Paulo: UNESP, 1997. p.22.<br />

27 Os historiadores Arno Wehling e José Carlos Reis comparam o estilo historiográfico <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> ao<br />

<strong>de</strong> Varnhagen. Para Wehling, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> se aproxima <strong>de</strong> autores como Afonso Taunay e Américo<br />

Lacombe, integrantes da vertente “tradicional”, representando até meados do século XX uma continuida<strong>de</strong><br />

“renovada” do “historismo varnhageniano, como uma linha moralizante e estatocêntrica”. Já Reis acredita<br />

que <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> possui uma visão “ultraconservadora” que supera Varnhagen. Cf.: WEHLING, Arno.<br />

Estado, História, M<strong>em</strong>ória. Varnhagen e a Construção do Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: nova Fronteira. 1999.<br />

p.209-10; REIS, José Carlos. As I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s do Brasil 2: <strong>de</strong> <strong>Calmon</strong> a Bomfim: a favor do Brasil: direita ou<br />

esquerda? Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. FGV, 2006. p.42.<br />

28 HCB, p. 3.<br />

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