15.05.2013 Views

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ao escolher a revolta <strong>de</strong> escravos acontecida na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador no século XIX,<br />

capitaneada por africanos islamizados - os chamados muçulmis ou malês - o autor causou<br />

surpresa. O crítico Carlos Chiacchio 6 chamou-lhe “romance negreiro”, pela “atmosfera <strong>em</strong><br />

que se mov<strong>em</strong> os heróis funambulescos” – referindo-se aos escravos rebelados 7 . Talvez<br />

tenha b<strong>em</strong> traduzido a impressão da maioria dos leitores do romance. Segundo seu juízo, o<br />

enredo era bastante original, “real, mas absolutamente intratado” 8 <strong>em</strong> romance. Na<br />

verda<strong>de</strong>, o t<strong>em</strong>a da revolta era mais conhecido no âmbito dos estudos acadêmicos. A<br />

novida<strong>de</strong> promovida por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> foi lançá-lo como pano <strong>de</strong> fundo <strong>em</strong> um romance,<br />

dando espaço <strong>de</strong> ação principal para personagens africanos. Trazidos às cenas principais,<br />

no entanto, os negros serão o alvo da <strong>de</strong>rrota no enredo <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>.<br />

3.1. ROMANCE NEGREIRO<br />

Carlos Chiacchio chamou o romance <strong>de</strong> “esquisito” e <strong>de</strong> “exótico” porque trazia à<br />

ação indivíduos negros, antagonizando com os brancos fidalgos senhores <strong>de</strong> engenho 9 . A<br />

análise <strong>de</strong> Chiacchio evi<strong>de</strong>ncia o tradicionalismo das letras baianas, ainda vacilantes <strong>em</strong><br />

a<strong>de</strong>rir aos t<strong>em</strong>as mo<strong>de</strong>rnistas que precipitavam no sul do país, a respeito do caráter<br />

nacional 10 . Mas o crítico, pela clara simpatia <strong>de</strong>stinada a <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, aceitou o t<strong>em</strong>a<br />

6<br />

Chiacchio é <strong>de</strong>finido pelo poeta e historiador Carlos Eduardo da Rocha como “um animador das artes,<br />

concentrava <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> si talentos da literatura e das artes plásticas. Era um crítico literário com prestígio na<br />

socieda<strong>de</strong>. Escreveu durante muitos anos uma coluna no Jornal “A TARDE” – Homens & Obras, on<strong>de</strong><br />

divulgou talentos, prestigiou antigos e colocou a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> sintonia com a literatura <strong>em</strong> especial, a<br />

música, o canto e as artes plásticas”. Apud. GOMES, Cecília. Mulher Baiana, Vivência e Arte. In: COSTA,<br />

Ana Alice A.; ALVES, Ivia. (orgs). Ritos, Mitos e Fatos. Mulher e Gênero na Bahia. Salvador:<br />

NEIM/UFBA, 1997. p.171.<br />

7<br />

CHIACCHIO, Carlos. “<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, o historiador e o novelista”. In: A TARDE. Salvador, 27 <strong>de</strong> abr.<br />

19<strong>33</strong>.<br />

8<br />

Loc cit.<br />

9<br />

Loc cit.<br />

10<br />

Cf.: SILVA, Paulo Santos. Âncoras <strong>de</strong> Tradição: luta política, intelectuais e construção do discurso<br />

histórico na Bahia (1930-1949). Salvador: Edufba, 2000. p.93.<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!