Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

familiaridade muitas vezes advinha das experiências pessoais. Não se poderia acreditar em
grande distanciamento entre os leitores de Pedro Calmon e os terreiros de Candomblé –
uma vez que estes costumavam ser freqüentados por gente de variadas camadas sociais,
como satirizou a charge publicada em CARETA, intitulada “Na Terra da Crendice”. O
desenho ironizou esta situação ao mostrar as reflexões do pai de santo Carolino, no
momento de escolha do melhor lugar para instalar o seu Candomblé: precisaria ser um
local acessível, onde a “gente chic, de sociedade”, sua “mió freguesia”, pudesse chegar de
“auto particulá” 69 .
Figura 8 – “Na Terra da Crendice” 70
Mesmo freqüentado por alguma parcela das elites, o padrão estipulado ao terreiro
pelos jornais era sempre o pior, associado a elementos de barbarismo selvagem. Para o
historiador, tudo lembrava a “África selvagem, na sua ingenuidade, na sua brutalidade, nas
suas fúrias” 71 . Seu enredo reproduz aproximadamente as mesmas impressões que seus
69 Ver: SAMPAIO, Gabriela dos Reis. A História do Feiticeiro Juca Rosa: cultura e relações sociais no Rio
de Janeiro Imperial. Doutorado em História, UNICAMP, 2000.
70 “; . CARETA (RJ). 30 out 1926.
71 Malês, p.104.
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