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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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3.4. MALÊS – ROMANCE E HISTORIOGRAFIA<br />

Embora seja um romance, não se trata Malês <strong>de</strong> uma obra ficcional apenas. Por vias<br />

tortuosas, <strong>em</strong> muitos aspectos este livro se tornou referência historiográfica, ainda que se<br />

trate <strong>de</strong> uma obra literária. Os esforços <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, e mais uma sucessão <strong>de</strong><br />

acontecimentos, <strong>de</strong>ram a Malês o verniz da cientificida<strong>de</strong> que originalmente não têm os<br />

livros <strong>de</strong> ficção. É certo que sua narrativa se trata <strong>de</strong> literatura, mas, percorrendo caminhos<br />

heterodoxos, v<strong>em</strong>os esta versão romanceada do levante a<strong>de</strong>ntrar nos registros<br />

historiográficos - na “quase-m<strong>em</strong>ória” ou na “quase-história” citada pelo historiador Paulo<br />

Santos Silva.<br />

123<br />

O próprio <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> reproduz a versão romanceada <strong>em</strong> um <strong>de</strong> seus tomos da<br />

História do Brasil 80 , livro estritamente acadêmico. Outros autores, que também trataram<br />

sobre a rebelião, não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> fazer referência a Malês. Édison Carneiro 81 e Donald<br />

Pierson 82 , faz<strong>em</strong> indicação do romance como fonte subsidiária ao estudo do t<strong>em</strong>a do<br />

levante. Já Antônio Monteiro 83 , utiliza a novela como se esta se tratasse <strong>de</strong> fonte<br />

historiográfica, investida <strong>de</strong> suposta verda<strong>de</strong> histórica. Também o historiador João José<br />

Reis, ainda que tecendo severas críticas, faz menção ao romance-histórico que, “durante<br />

muito t<strong>em</strong>po”, menciona, “o único livro inteiramente <strong>de</strong>dicado ao assunto” 84 . Em análise<br />

mais recente, Reis novamente faz menção ao livro, reafirmando suas críticas e sugerindo,<br />

80<br />

CALMON, <strong>Pedro</strong>. História do Brasil. Século XIX – Conclusão: “O Império e a Ord<strong>em</strong> Liberal”, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: José Olympio, 1959. Vol.V. p.1658.<br />

81 a<br />

CARNEIRO, Édison. Religiões Negras e Negros bantos – Notas <strong>de</strong> etnografia religiosa e <strong>de</strong> folclores. 3 .<br />

ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. p. 72.<br />

82<br />

PIERSON, Donald. Brancos e Pretos na Bahia: estudo <strong>de</strong> contacto racial. 2ª. ed. São Paulo: Cia. Editora<br />

Nacional, 1971. p.125, nota 49.<br />

83<br />

Antônio Monteiro foi pesquisador <strong>em</strong>pírico, autodidata e distante <strong>de</strong> rigores acadêmicos. Interessado sobre<br />

o t<strong>em</strong>a dos malês, escreveu diversos artigos a esse respeito, publicados no jornal A TARDE, a partir da<br />

década <strong>de</strong> 1940. Foi m<strong>em</strong>bro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, da Associação Baiana <strong>de</strong><br />

Imprensa, e presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Baiana do Culto Afro-Brasileiro.<br />

84<br />

REIS, João José. Um balanço dos estudos sobre as revoltas escravas da Bahia. In: REIS, João José. (org.).<br />

Escravidão e Invenção da Liberda<strong>de</strong> – Estudos sobre o negro no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1988. p.97.

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