Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
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<strong>de</strong>ste período, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>bates sobre o futuro do Brasil se relacionavam com o paradigma<br />
da formação racial do brasileiro. Compreen<strong>de</strong>r os matizes <strong>de</strong>sta questão diz respeito a uma<br />
d<strong>em</strong>anda que se apresenta nos dias atuais. Quão das idéias ventiladas nas primeiras<br />
décadas do século XX ainda nos alcançam? Se hoje o <strong>de</strong>bate racial circula <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outros<br />
t<strong>em</strong>as, como fim do preconceito racial, adoção <strong>de</strong> políticas afirmativas, <strong>de</strong>fesa da<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos étnicos, ou reparação aos afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, muitos grupos<br />
conservadores repet<strong>em</strong> argumentos fundamentados na mestiçag<strong>em</strong> e na d<strong>em</strong>ocracia<br />
racial 11 , tão propalados por aqueles intelectuais brancos dos anos 1930.<br />
II. Parâmetros da Pesquisa<br />
A escolha por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> foi a conseqüência do seguimento <strong>de</strong> um estudo<br />
anterior 12 , quando analisei a peculiar personag<strong>em</strong> Luiza Mahim, construída pelo autor no<br />
romance-histórico Malês, A Insurreição das Senzalas (19<strong>33</strong>), <strong>de</strong>scrita como uma “mulher<br />
s<strong>em</strong> reputação e s<strong>em</strong> estado”, <strong>de</strong> “vida libertina” e “cara gaiata”, uma “ladina” que “não<br />
valia nada” 13 . A africana liberta, hoje uma heroína, símbolo <strong>de</strong> luta <strong>em</strong> muitos movimentos<br />
sociais, aparecia na trama como uma traidora <strong>de</strong> sua raça, sendo principal responsável pelo<br />
fracasso do Levante dos Malês, rebelião escrava ocorrida <strong>em</strong> 1835 na Bahia. Foi a partir<br />
<strong>de</strong>sta pesquisa inicial, on<strong>de</strong> ficou claro o uso <strong>de</strong> uma perspectiva <strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong><br />
tratamento ao negro e sua cultura, que surgiu o interesse <strong>em</strong> aprofundar o estudo <strong>de</strong> outros<br />
textos <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>. Minha intenção foi mergulhar na análise <strong>de</strong> suas concepções<br />
raciais e conhecer os processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> seus discursos racialistas.<br />
11 Cf.: FRY, Peter. “Política, nacionalida<strong>de</strong> e o significado <strong>de</strong> «raça» no Brasil”. In: A Persistência da Raça.<br />
Ensaios Antropológicos sobre o Brasil e África Austral. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p.205-<br />
248.<br />
12 ARAÚJO, Mariele S. Luiza Mahim, uma “Princeza” Negra na Bahia dos Anos 1930. <strong>Discursos</strong> <strong>de</strong><br />
Cultura e Raça no Romance-Histórico <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, “Malês, A Insurreição das Senzalas” (19<strong>33</strong>).<br />
Monografia <strong>de</strong> Especialização <strong>em</strong> História Social e Educação. UCSAL, 2003.<br />
13 CALMON, <strong>Pedro</strong>. Malês, A Insurreição das Senzalas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Pro Luce, 19<strong>33</strong>. p.60, 59, 83 e 34,<br />
respectivamente.<br />
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