Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
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O autor consolida no passado a “verda<strong>de</strong>ira união nacional do Brasil”, atribuindo a<br />
uniformida<strong>de</strong> “psicológica” ao seu povo, como resultado dos planos <strong>de</strong> colonização<br />
lusitana, traçados a partir <strong>de</strong> uma “visão <strong>de</strong> conjunto, totalizante”, que era do português.<br />
Desta forma, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> interpreta o processo histórico <strong>de</strong> modo retrospectivo, e<br />
implica um sentido direcionado ao processo <strong>de</strong> civilização que tenta engendrar. Alheio à<br />
in<strong>de</strong>terminação histórica experimentada pelos agentes do passado, <strong>de</strong>lega aos primeiros<br />
colonizadores a responsabilida<strong>de</strong> da unificação nacional que só viria a acontecer no século<br />
XIX. Esse processo <strong>de</strong>senvolvido ao longo <strong>de</strong> séculos é observado por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong><br />
como fruto dos projetos lusitanos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI. “«Brasil», chamou-se toda a terra”<br />
– ele diz, dando ênfase aos fatores que teriam colaborado para a unificação do Estado: “um<br />
só governador geral (que a efêmera divisão <strong>em</strong> dois governos, 1573, foi uma breve<br />
tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sm<strong>em</strong>bramento) o administrou, zelando sobretudo a conservação e <strong>de</strong>fesa do<br />
país; um só idioma o unificou” 18 .<br />
O esforço <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> para consolidar a união nacional juntava-se ao interesse<br />
<strong>em</strong> conhecer as bases da “evolução” brasileira, aten<strong>de</strong>ndo ao chamado feito por Oliveira<br />
Vianna, nos idos <strong>de</strong> 1923: “que <strong>em</strong> cada recanto do globo, on<strong>de</strong> exista um povo ou uma<br />
nação, as suas elites estud<strong>em</strong> o seu grupo nacional”. Para Vianna, os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> evolução<br />
universal eram falidos, e <strong>de</strong>veriam os estudiosos analisar a evolução <strong>de</strong> grupos nacionais<br />
específicos, o que seria uma “obra para algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cérebros fortes” 19 .<br />
Imbuído também <strong>de</strong>ste ânimo, e escalando-se para integrar este grupo <strong>de</strong> “cérebros<br />
fortes”, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> dirigiu seus estudos para analisar a “evolução” do nosso “grupo<br />
nacional” na HCB – como predicou Vianna. Quis oferecer a sua contribuição abrindo<br />
caminhos para contar a história <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma legítima civilização – a<br />
brasileira-, e logo <strong>de</strong> início explicou: “Este livro não é um compêndio, n<strong>em</strong> é um tratado. É<br />
18 HCB, p.34. [grifos meus].<br />
19 VIANNA, Oliveira. “A Comunhão Paulista”. In: REVISTA DO BRASIL (RJ). N o . 92. Ago 1923. p.328.<br />
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