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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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oci<strong>de</strong>ntal europeu era <strong>de</strong>finido como o mais avançado 20 . Contudo, a <strong>de</strong>speito da linguag<strong>em</strong><br />

poética <strong>de</strong> Gonzalez no excerto escolhido por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> para sinalizar o tom da<br />

colonização portuguesa, a s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> seu pensamento com as idéias <strong>de</strong> Boas resist<strong>em</strong><br />

apenas superficialmente, uma vez que <strong>de</strong>ntre os portugueses os únicos dispostos a se unir<br />

racialmente eram os <strong>de</strong>gredados - já que os “el<strong>em</strong>entos puros que s<strong>em</strong>pre coexistiram”<br />

ficavam <strong>de</strong> fora da mistura, mais <strong>em</strong>penhados que estavam <strong>em</strong> ditar os rumos da nova<br />

civilização que aqui se instalava. A propalada “mestiçag<strong>em</strong>” aparece então como um<br />

processo seletivo, capaz <strong>de</strong> produzir distinções sociais.<br />

Foi inserido nesta lógica que <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a idéia <strong>de</strong> que “a colonização<br />

brasileira foi operada pela mestiçag<strong>em</strong>”. O tom da civilização <strong>de</strong>u ao português “el<strong>em</strong>ento<br />

puro”, formador <strong>de</strong> uma aristocracia. É este seu ponto <strong>de</strong> partida para analisar a formação<br />

do caráter brasileiro, já <strong>em</strong> <strong>1922</strong> - ano <strong>em</strong> que efetivamente iniciou a sua participação no<br />

cenário da intelectualida<strong>de</strong> nacional, e lança as bases para a escrita <strong>de</strong> sua “História da<br />

Civilização Brasileira”. No ano seguinte, Oliveira Vianna, <strong>de</strong>clarando-se inspirado por<br />

Lucien Febvre e por novos paradigmas das ciências sociais, lança um chamado para as<br />

investigações sobre o “grupo nacional”, <strong>em</strong> busca do conhecimento <strong>de</strong> uma “lei” que<br />

pu<strong>de</strong>sse acusar a “evolução coletiva” da socieda<strong>de</strong> brasileira:<br />

O que a crítica sociológica apurou até agora é que a ciência ainda não t<strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

bastantes para <strong>de</strong>terminar as leis gerais da evolução dos povos. (...) Para nós, no tocante<br />

à nossa contribuição para esse supr<strong>em</strong>o objetivo das ciências sociais, o que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os fazer<br />

é, pois, o estudo monográfico <strong>de</strong> nosso núcleo nacional, procurando <strong>de</strong>scobrir as leis que<br />

reg<strong>em</strong> a sua evolução e as que regulam a sua ativida<strong>de</strong> funcional, e revelando o que há nele<br />

<strong>de</strong> específico e original. Que <strong>em</strong> cada recanto do globo, on<strong>de</strong> exista um povo ou uma<br />

nação, as suas elites estud<strong>em</strong> o seu grupo nacional – parece ser a palavra <strong>de</strong> comando<br />

da Ciência aos pensadores <strong>de</strong> todo o mundo. Obe<strong>de</strong>çamos, pois; e, ao invés <strong>de</strong> querer<br />

meter, à viva força, o Brasil <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uns tantos quadros esqu<strong>em</strong>áticos <strong>de</strong> supostas leis<br />

evolutivas da humanida<strong>de</strong>, content<strong>em</strong>o-nos <strong>de</strong> estudar carinhosamente o nosso grupo<br />

nacional e saber quais as leis da nossa evolução coletiva. É já um gran<strong>de</strong> esforço, obra<br />

para algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cérebros fortes e (...) <strong>de</strong> imensos resultados práticos. 21 [grifos<br />

meus]<br />

20<br />

BOAS, Franz. “Os métodos da etnologia”. In: Antropologia Cultural. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor,<br />

2004. p.43.<br />

21 o<br />

VIANNA, Oliveira. “A Comunhão Paulista”. In: REVISTA DO BRASIL (RJ). N . 92. Ago 1923. p.328.<br />

24

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