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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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processo histórico que o autor busca compreen<strong>de</strong>r como eles dão orig<strong>em</strong> ao brasileiro,<br />

fazendo-se, <strong>em</strong> suas palavras, “argamassar num tipo, até então <strong>de</strong>sconhecido”. A<br />

formação <strong>de</strong>ste novo tipo – o brasileiro – é iniciada a partir da chegada do colonizador às<br />

terras brasileiras e, <strong>em</strong> curto t<strong>em</strong>po, “o processo <strong>de</strong> elaboração social achou a fórmula<br />

«brasileira»”, na análise do autor:<br />

as guerras holan<strong>de</strong>sas tiveram a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> argamassar num tipo, até então <strong>de</strong>sconhecido,<br />

os el<strong>em</strong>entos díspares da colonização. Etnicamente e geograficamente, aquele drama<br />

formidável (...) retocou o Brasil na sua fisionomia <strong>de</strong>finitiva. Quando, <strong>em</strong> 1624, uma<br />

armada flamenga se apossou da Bahia, era o Brasil uma vaga experiência do gênio colonial<br />

do t<strong>em</strong>po: <strong>de</strong>sagregado, impreciso, «mameluco», com feitorias da costa separadas por<br />

distancias enormes, a população diss<strong>em</strong>inada pelos engenhos d´açúcar. Pois <strong>em</strong> 1654,<br />

quando Recife, última posição holan<strong>de</strong>sa, se ren<strong>de</strong>u ao exército luso-brasílico, havia<br />

ali um povo. Dentro <strong>de</strong> tão curto t<strong>em</strong>po o processo <strong>de</strong> elaboração social achou a<br />

fórmula «brasileira»: aliados, para a repulsa do intruso, índio, branco e negro,<br />

acomodados no seu amor à terra adotiva ou do berço, como se o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-la já<br />

fosse «patriotismo», Henrique Dias alegava já não po<strong>de</strong>r viver longe <strong>de</strong> sua «pátria»<br />

(Pernambuco), falando <strong>em</strong> «interesses do Brasil», que pela primeira vez se <strong>de</strong>lineavam.<br />

[HCB, p.51, grifos meus]<br />

Embebido <strong>em</strong> visão romântica o autor apresenta o início da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional,<br />

aportado no sentimento amoroso à terra que congrega grupos distintos e conflitantes<br />

reunidos sob uma finalida<strong>de</strong> comum – a <strong>de</strong>fesa do território. Os conflitos que os <strong>de</strong>suniam<br />

não são <strong>de</strong>stacados pelo autor. Ao contrário – diante <strong>de</strong>sta comunhão, reunidos neste fim<br />

“patriótico”, acabavam por dar feição a uma irmanda<strong>de</strong>, que acolhia a todos sob o nome <strong>de</strong><br />

brasileiros. A congregação pacífica criada por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, segundo o historiador José<br />

Carlos Reis, reforça a sua vertente unitarista e repressora das “expressões brasileiras mais<br />

vivas”. Para ele <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> era “mestre <strong>em</strong> <strong>de</strong>sfazer os conflitos mais agudos”,<br />

acabando por apresentar uma história brasileira s<strong>em</strong> profundida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, <strong>em</strong>bora<br />

“perigosamente eficiente, pois feita para envolver e orientar a juventu<strong>de</strong> <strong>em</strong> sua ação no<br />

futuro” 38 .<br />

No entanto, a constituição da figura do brasileiro vai além. Para <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> os<br />

38 REIS, José Carlos. As I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s do Brasil 2: <strong>de</strong> <strong>Calmon</strong> a Bomfim: a favor do Brasil: direita ou<br />

esquerda? Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. FGV, 2006. p.43-51 passim.<br />

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