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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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jornais da imprensa negra paulista não se cansavam <strong>de</strong> repetir a pauta <strong>de</strong> reivindicações<br />

que os negros teciam diante das necessida<strong>de</strong>s reais que afligiam o seu dia-a-dia.<br />

Precisavam <strong>de</strong> b<strong>em</strong> mais que uma estátua para ver<strong>em</strong> satisfeita a dívida que aqueles doutos<br />

reconheciam existir. O que eles realmente queriam era vivenciar a experiência do ser<br />

“brasileiro lutador e forte” com todos os direitos e <strong>de</strong>veres que esta condição cidadã lhes<br />

reservava. Muitos se mostravam conscientes <strong>de</strong> sua contribuição histórica, e por isso<br />

mesmo requeriam mais que uma simples estátua:<br />

O negro no Brasil não só <strong>de</strong>vastou florestas; andou a cata <strong>de</strong> ouro e <strong>de</strong> outros minerais,<br />

plantou os primeiros pés da rubiácea que nos <strong>de</strong>u toda riqueza, tudo quanto t<strong>em</strong>os: ele, além<br />

<strong>de</strong> ser um fator da formação da gran<strong>de</strong>za primitiva é o brasileiro que não se cansa <strong>de</strong> lutar<br />

com o <strong>de</strong>votado amor, <strong>em</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s humanas, é o her<strong>de</strong>iro das forças que se<br />

enquadram a engran<strong>de</strong>cer os incontáveis fatores da nossa nacionalida<strong>de</strong>, porque é um<br />

brasileiro lutador e forte. 114<br />

O acesso do negro à instrução, uma das maiores exigências dos grupos organizados,<br />

representava uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> futuro melhor. Para O ALFINETE, <strong>de</strong>viam eles se<br />

preparar para as lutas que ainda estavam por vir:<br />

Dev<strong>em</strong>os nos preocupar menos com o passado da raça, tratando agora <strong>de</strong> educá-la,<br />

preparando-a para as formidáveis lutas <strong>de</strong> amanhã. O passado foi horrível e o presente<br />

péssimo; que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os esperar do futuro? Tudo, se tivermos o livro por escopo; nada, se<br />

continuarmos o culto das tabernas! 115<br />

Cada vez mais a voz do negro era ouvida, <strong>em</strong> suas legítimas reivindicações por “um<br />

lugar digno no seio da socieda<strong>de</strong> brasileira”. Ansiavam por uma alfabetização <strong>em</strong> massa<br />

para que, <strong>em</strong> suas palavras, “homens, mulheres e crianças da nossa raça aprendam a ler” 116 .<br />

Se tomass<strong>em</strong> “o livro por escopo” sentiam que po<strong>de</strong>riam ultrapassar todas as barreiras que<br />

ainda estavam por <strong>de</strong>rrubar. O mau tratamento que muitas vezes sofriam na rua, “vítimas<br />

<strong>de</strong> sério repúdio e constantes vexames” 117 , sob a alegação <strong>de</strong> que eram sujeitos atrasados –<br />

114 O CLARIM D’ALVORADA (SP), 03 jun 1928.<br />

115 O ALFINETE (SP), n.77 - nov 1921.<br />

116 Ibid., 09 mar 1919.<br />

117 O KOSMOS (SP), 19 out 1924.<br />

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