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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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episódios das guerras holan<strong>de</strong>sas selam mais que a reunião dos três tipos – possibilitam a<br />

sua fusão, amálgama resultante <strong>em</strong> um “tipo até então <strong>de</strong>sconhecido”, resultado do<br />

cal<strong>de</strong>amento das três raças puras: mestiço, “fisionomia [étnica] <strong>de</strong>finitiva” do Brasil. N<strong>em</strong><br />

é branco, n<strong>em</strong> índio e n<strong>em</strong> negro. É original, o resultado híbrido da miscigenação das três<br />

raças que <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a concepção física, psicológica e social da nação.<br />

Localizar a consolidação da formação nacional <strong>em</strong> data tão longínqua distingue<br />

<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> <strong>de</strong> outros autores <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po. Para os estudiosos dos t<strong>em</strong>as raciais o<br />

processo <strong>de</strong> miscigenação estava ainda <strong>em</strong> curso nos começos do século XX. Em 1902,<br />

comentou Eucli<strong>de</strong>s da Cunha: “pre<strong>de</strong>stinamo-nos à formação <strong>de</strong> uma raça histórica <strong>em</strong><br />

futuro r<strong>em</strong>oto, se o permitir dilatado t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida nacional autônoma” 39 . Oliveira Vianna,<br />

mestre no t<strong>em</strong>a, afirmou no início dos anos 1930 que “no Brasil, a obra do cal<strong>de</strong>amento e<br />

fusão das raças não está ainda hoje inteiramente realizada: ainda subsiste <strong>em</strong> nossa<br />

população muitos el<strong>em</strong>entos puros dos tipos étnicos fundamentais” 40 . S<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> conta<br />

observações <strong>de</strong>ste gênero, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> se mostra <strong>de</strong>cidido a enxergar a completa<br />

formação nacional durante o século XVII. Para ele, a população articulada <strong>em</strong> “três<br />

gran<strong>de</strong>s núcleos <strong>de</strong> expansão”, quais sejam São Paulo, Bahia e Pará, apesar <strong>de</strong> conviveram<br />

<strong>em</strong> territórios <strong>de</strong> geografia distinta – o que, na visão do autor, lhes valeria alguma variação<br />

cultural – foi capaz <strong>de</strong> consolidar “o seu idioma, a sua raça, a sua religião” por todo<br />

território brasileiro, <strong>de</strong> norte a sul:<br />

Tão verda<strong>de</strong>ira foi essa circunstância – i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raça <strong>em</strong> meios diferentes criando<br />

uma civilização homogênea, que apenas se matizava do fenômeno geográfico<br />

prepon<strong>de</strong>rante – que a toponímia portuguesa não variava, por todo o Brasil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o alto<br />

Amazonas à savana gaúcha. [HCB, p.66, grifos meus]<br />

<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> vislumbra uma unida<strong>de</strong> entre os tipos brasileiros que distingue nos<br />

pontos do território, mediados por diferentes paisagens e climas. Dentre eles i<strong>de</strong>ntifica o<br />

39 CUNHA, Eucli<strong>de</strong>s da. Os Sertões. 35 a . ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Francisco Alves, 1991. p.52.<br />

40 VIANNA, Oliveira. Raça e Assimilação. 2 a . ed. São Paulo: Cia Editora Nacional, 19<strong>33</strong>. Coleção<br />

Biblioteca Pedagógica Brasileira, Série V, Brasiliana, Vol. IV. p.95.<br />

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