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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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113<br />

“convertida” ao catolicismo, o padre-nosso <strong>em</strong> muçulmi... E só. Os malês vão<br />

<strong>de</strong>saparecendo. E, o que é pior, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar vestígios... 55<br />

Os malês, por mais “inteligentes” e “espertos”, “sanguinários” e “cruéis” que<br />

foss<strong>em</strong>, não pu<strong>de</strong>ram prosperar diante <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> brancamente fidalga, e protegida<br />

pelo “Deus verda<strong>de</strong>iro” - <strong>de</strong>clarado assim por Luiza Mahim, personag<strong>em</strong> central da trama,<br />

construída por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> como uma africana traidora <strong>de</strong> sua própria raça 56 .<br />

3.3.2. Nagôs<br />

Se na Salvador cont<strong>em</strong>porânea <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> não se podia mais encontrar o rito<br />

malê organizado, o contrário ocorria diante das tradições religiosas <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> iorubanas,<br />

ou nagôs, na configuração do Candomblé. Na década <strong>de</strong> 1930, a maior expressão da<br />

cultura negra era dada através da religião, confirmando a observação <strong>de</strong> Nina Rodrigues<br />

<strong>em</strong> anos anteriores, <strong>de</strong> que seria a “religião fetichista” dos escravos a instituição africana<br />

que melhor se conservaria no Brasil após o fim do tráfico negreiro 57 .<br />

A presença do Candomblé e seus signos na socieda<strong>de</strong> constituíam-se, na opinião<br />

das elites letradas, <strong>em</strong> aspectos <strong>de</strong> continuísmo <strong>de</strong> velhas práticas que r<strong>em</strong>etiam a t<strong>em</strong>pos<br />

coloniais, e só expressavam a ignorância dos negros, e seu <strong>de</strong>spreparo para assumir um<br />

lugar no mundo mo<strong>de</strong>rno. Como cita Júlio Braga:<br />

Na composição social da Bahia da primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste século [XX], parece<br />

que havia um segmento extr<strong>em</strong>amente refratário à formação <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

que absorvesse el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> procedência não européia, como os oriundos do<br />

55 CARNEIRO, Édison. Religiões Negras e Negros bantos – Notas <strong>de</strong> etnografia religiosa e <strong>de</strong> folclores. 3 a .<br />

ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. p.73.<br />

56 Malês, p.86. A análise da construção da personag<strong>em</strong> Luiza Mahim foi objeto do estudo: ARAÚJO, Mariele<br />

S. Luiza Mahim, uma “Princeza” Negra na Bahia dos Anos 1930. <strong>Discursos</strong> <strong>de</strong> Cultura e Raça no<br />

Romance-Histórico <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, “Malês, A Insurreição das Senzalas” (19<strong>33</strong>). Monografia <strong>de</strong><br />

Especialização <strong>em</strong> História Social e Educação. UCSAL, 2003.<br />

57 RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. 6 a . ed., São Paulo: Ed. Nacional; Brasília: Ed. UnB, 1982.<br />

p.214.

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