15.05.2013 Views

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“comunhão da língua, da religião, da história, dos costumes”, ocultando o interesse<br />

particular <strong>de</strong> grupos oligárquicos que buscavam a representação nacional como “sobretudo<br />

um instrumento para se alcançar<strong>em</strong> vantagens regionais” 13 . M<strong>em</strong>bro das oligarquias<br />

baianas, e pessoalmente prejudicado com a subida <strong>de</strong> Getúlio Vargas ao po<strong>de</strong>r <strong>em</strong> 1930,<br />

<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> e seu grupo se encontravam expostos no início daquela década, obrigados a<br />

re-elaborar arranjos políticos, e lutar por novos espaços <strong>de</strong> inserção 14 .<br />

É neste contexto que o autor propõe na HCB que a tomada <strong>de</strong> consciência pátria<br />

tenha se dado justamente através das manifestações sociais <strong>de</strong> caráter regional, durante as<br />

chamadas “agitações nativistas”, promovidas pelo “orgulho dos «brasileiros»”. Segundo<br />

<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, foi no âmbito municipalista das Câmaras que teriam se <strong>de</strong>senvolvido tanto<br />

o “espírito <strong>de</strong> autonomia local” quanto “o sentimento do b<strong>em</strong> comum do Brasil” 15 -<br />

movimentos do século XVIII, que para ele teriam precipitado a in<strong>de</strong>pendência brasileira 16 .<br />

Com esses argumentos, o autor preten<strong>de</strong> dar <strong>de</strong>staque ao papel <strong>de</strong> grupos locais para a<br />

consolidação da unida<strong>de</strong> brasileira. Reconhecer a unida<strong>de</strong>, ainda que “virtual” da nação 17 ,<br />

como algo dado - <strong>de</strong>stino inevitável traçado na sua gênese - possibilitava a convivência <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s regionais autônomas s<strong>em</strong> ameaçar a permanência <strong>de</strong> um caráter nacional. Foi o<br />

que <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u:<br />

A verda<strong>de</strong>ira união nacional no Brasil, psicológica, traziam-na <strong>em</strong> mente os homens do<br />

século I; <strong>de</strong>veras, este país, que cont<strong>em</strong> tantos países, só foi “um só” na visão <strong>de</strong> conjunto,<br />

totalizante, do português que o achara. [HCB, p.<strong>33</strong>]<br />

13 LIMA, Hermes. Probl<strong>em</strong>as do Nosso T<strong>em</strong>po. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1935. p. 39-41.<br />

14 <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> sentiu-se pessoalmente prejudicado com a chamada Revolução <strong>de</strong> 1930: teve sua legislatura<br />

como <strong>de</strong>putado estadual interrompida e <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser nomeado para o cargo <strong>de</strong> professor na Escola Normal,<br />

que havia conquistado através <strong>de</strong> concurso público, <strong>em</strong> 1929. Como reação política, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> no Congresso<br />

Nacional <strong>de</strong> Juristas (RJ) <strong>em</strong> 19<strong>33</strong> uma tese a favor da implantação do parlamentarismo no Brasil, e compõe<br />

a chapa autonomista concorrendo para vaga na Ass<strong>em</strong>bléia Constituinte <strong>de</strong> 1934. Cf.: ARAÚJO, Mariele S.<br />

“A Bahia ainda é a Bahia” – Política e literatura na Bahia <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, 19<strong>33</strong>. REVISTA DE<br />

HISTÓRIA SOCIAL. Jan./Fev. 2003. Ver: Capítulo 3, fls.102 passim.<br />

15 HCB, p.137.<br />

16 Revolta <strong>de</strong> Bequimão (MA), do Maneta(BA), dos Mascates (PE), dos Emboabas (MG) e Inconfidência<br />

Mineira(MG), e Conjuração Baiana Cf.: HCB, p.147.<br />

17 HCB, p.<strong>33</strong>.<br />

64

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!