Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Belquior”, história que t<strong>em</strong> início com o assassinato <strong>de</strong> um fidalgo por escravos –<br />
“d<strong>em</strong>ônios, todos <strong>de</strong> blusa <strong>de</strong> aniag<strong>em</strong> e calção amarelo” 90 , segundo <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>.<br />
Africana, quituteira, “Sá Bernardina”, vestida com blusa <strong>de</strong> algodão, “saia <strong>de</strong> chita com<br />
largas ramagens e um torso vermelho <strong>de</strong> odalisca” representava a estirpe das mucamas,<br />
caracterizadas pelo autor como mulheres “curiosa[s], enreda<strong>de</strong>ira[s], proxeneta[s], como<br />
costumavam ser as mucamas serviçais”. Bernardina viva “<strong>em</strong>porcalhada pelas fuligens do<br />
fogão, <strong>de</strong>salinhada e muda, com as mesmas ramagens na saia rodada e mesma cor no<br />
turbante da Costa”. E, mesmo com o seu “passo gingado e forte”, a mucama teria sido para<br />
Afonso uma sombra, no enredo <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>: “foi para ele como um <strong>de</strong>sses animais<br />
domésticos, familiares e macios, que nos roçam as pernas s<strong>em</strong> que os vejamos”. Mãe <strong>de</strong><br />
“quatro molequinhos pretos”, consi<strong>de</strong>rados por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> como uma “prole<br />
miserável”, seria Bernardina o tipo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> Mãe Preta a qu<strong>em</strong> se <strong>de</strong>veria erguer uma<br />
estátua <strong>em</strong> praça pública?<br />
1.4.1. Uma estátua para a Mãe-Preta<br />
“Que é isso <strong>de</strong> mãe preta?” – indagou <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> a si próprio, para logo <strong>em</strong><br />
seguida respon<strong>de</strong>r: “é o Brasil”.<br />
A questão retórica se apresentou <strong>em</strong> 1926, a partir <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> Cândido<br />
Campos, proprietário dA NOTÍCIA, jornal carioca consi<strong>de</strong>rado da situação – e por isso<br />
mesmo também conhecido como o “jornal cor-<strong>de</strong>-rosa” ou o “jornal dos punhos <strong>de</strong><br />
renda” 91 . A idéia <strong>de</strong> Campos era promover o levantamento <strong>de</strong> uma estátua para a Mãe<br />
90<br />
CALMON, <strong>Pedro</strong>. O Tesouro <strong>de</strong> Belquior: novela da prata. São Paulo, Cayeiras, Rio: Cia Melhoramentos<br />
<strong>de</strong> São Paulo, ca.1928. p.12.<br />
91<br />
DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO. Rio <strong>de</strong> Janeiro – CPDOC/FGV. Versão 1.0.<br />
46