Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A associação da imag<strong>em</strong> do negro a um animal reflete o pouco valor que a<br />
população <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos escravos africanos gozavam no momento, como havia<br />
ficado claro no caso Abbott. Naqueles anos os negros muito lutavam para ser<strong>em</strong><br />
respeitados como cidadãos na recente socieda<strong>de</strong> republicana, que legalmente garantia<br />
igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento a todos os indivíduos. Na prática, os resquícios <strong>de</strong> séculos <strong>de</strong><br />
escravidão africana legavam aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> escravos uma situação pouco favorável<br />
no estatuto social. Em geral, eram vistos como incultos e bárbaros 63 .<br />
Figura 2 – “O «homo-sapiens»...” 64<br />
O “boxer” aparecia com naturalida<strong>de</strong> aos olhos dos leitores <strong>de</strong> CARETA como<br />
um macaco bravio. Martinho, por sua vez, l<strong>em</strong>brava um touro, uma fera selvag<strong>em</strong> –pronto<br />
para atacar. A sua jaula era a escravidão, e a sua raiva, que nela “ferve incessante”, é<br />
contra o escravizador – l<strong>em</strong>brando as palavras <strong>de</strong> Manuel Joaquim <strong>de</strong> Macedo, para qu<strong>em</strong><br />
63 Cf.: SILVEIRA, Renato da. “Os Selvagens e a Massa. Papel do Racismo Científico na Montag<strong>em</strong> da<br />
Heg<strong>em</strong>onia Oci<strong>de</strong>ntal”. In: AFRO-ÁSIA, n.23, Salvador, 1999. p.87-144.<br />
64 “- Repar<strong>em</strong>, principalmente, meus senhores, neste formidável «boxer» negro! É o mais perfeito hom<strong>em</strong><br />
que se conhece: é um verda<strong>de</strong>iro gorila...” In: CARETA (RJ), 10 mai 1924.<br />
36