Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
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nacionalida<strong>de</strong>s. Havia sido esta justamente a razão para o projeto <strong>de</strong> lei que preten<strong>de</strong>u<br />
proibir a imigração <strong>de</strong> negros norte-americanos para o Brasil, no <strong>de</strong>bate gerado a partir da<br />
visita <strong>de</strong> Robert S. Abbott, comentada no Capítulo 1. Solicitado para <strong>em</strong>itir um parecer<br />
sobre a questão, Oliveira Vianna esclareceu exatamente este ponto <strong>de</strong> vista:<br />
Sou radicalmente contra a imigração <strong>de</strong> negros americanos para o Brasil, como <strong>de</strong> negros<br />
<strong>de</strong> qualquer outra procedência. Também sou contra a imigração <strong>de</strong> quaisquer outras raças<br />
que não as raças brancas da Europa. Por aí V. Exa. Verá que só po<strong>de</strong>rei aplaudir o projeto<br />
que proíba a entrada, como colonos, das raças negras e amarelas. Dev<strong>em</strong>os muito ao negro,<br />
mas s<strong>em</strong> dúvida teria sido infinitamente melhor que eles não se tivess<strong>em</strong> constituído um<br />
dos gran<strong>de</strong>s fatores da formação da nossa nacionalida<strong>de</strong>. 47<br />
A idéia da seleção étnica aplicada à imigração brasileira reflete a convicção <strong>de</strong><br />
Vianna, compartilhada por outros intelectuais <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po, <strong>de</strong> que as características<br />
raciais influenciavam no estado da cultura e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada grupo. Desta forma,<br />
era preferível evitar o convívio da socieda<strong>de</strong> brasileira com el<strong>em</strong>entos consi<strong>de</strong>rados<br />
racialmente inferiores – negros e amarelos 48 . Desprezando estas consi<strong>de</strong>rações, <strong>Pedro</strong><br />
<strong>Calmon</strong> afasta o el<strong>em</strong>ento étnico, e se volta para o campo cultural <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> uma<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. O processo <strong>de</strong> cal<strong>de</strong>amento racial, que originou o novo tipo - o<br />
brasileiro - adquire assim unida<strong>de</strong> através dos resultados obtidos pelas realizações<br />
culturais.<br />
<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, contudo, não <strong>de</strong>sprezou as diferenças raciais que a biologia <strong>de</strong> então<br />
evi<strong>de</strong>nciava. Na caracterização das três raças originais <strong>de</strong>ixou claro suas acepções sobre<br />
diferenciação racial e respectivos papéis no processo <strong>de</strong> civilização. Em acordo com a<br />
inconteste superiorida<strong>de</strong> do hom<strong>em</strong> branco, <strong>de</strong>clarada pela ciência da época, o autor<br />
apresenta o português como o gran<strong>de</strong> articulador da civilização nascente, <strong>em</strong> meio a um<br />
espaço on<strong>de</strong> só havia “aspereza, selvageria, paisag<strong>em</strong>” 49 . É a partir da sua chegada que o<br />
autor encontra sentido para o início da civilização brasileira. Eles que trariam consigo a<br />
47 GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ). 29 <strong>de</strong>z 1923.<br />
48 Ver Capítulo 1, fl. 54 passim.<br />
49 HCB, p.8.<br />
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