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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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do historiador, “ele [o europeu] transformou-se” 78 . Foi o que lhe valeram as dormidas nas<br />

re<strong>de</strong>s, o consumo da mandioca, e os outros hábitos absorvidos, <strong>de</strong>scritos por <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong>. Em nome <strong>de</strong> construír<strong>em</strong> uma “«vida nova»” criaram novos costumes e<br />

esqueceram muitos dos seus, modos europeus, <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> precária no cotidiano “áspero”<br />

do novo mundo. Assim <strong>de</strong>fine o autor, para qu<strong>em</strong> os portugueses, na labuta do dia-a-dia da<br />

colônia, tornaram <strong>de</strong>simportantes os “privilégios e diferenças <strong>de</strong> Portugal”. Para <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong>, a primeira barreira <strong>de</strong>rrubada pelos portugueses no Brasil foi a social, pois teriam<br />

eles se “misturado”, inicialmente, entre eles próprios, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> <strong>em</strong>penhar<strong>em</strong>-se todos<br />

no trabalho <strong>de</strong> construção da capital Salvador. Desta maneira, esteve “o governador, ao<br />

lado dos padres, a ajudar os artífices”, como explicou: “no começo, trabalharam todos, na<br />

promiscuida<strong>de</strong> mais completa”. A utilização do termo <strong>de</strong> l<strong>em</strong>brança sexual anuncia as<br />

outras “misturas” que estariam por vir. Ao final, sentencia <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>: “ultra<br />

equinoctial<strong>em</strong> non peccari” 79 - estava dada a partida da miscigenação, que nos primeiros<br />

anos seria basicamente entre os brancos e os índios, dando origens a muitos mamelucos e<br />

algumas histórias <strong>de</strong> “amor”:<br />

“há s<strong>em</strong>pre nas alianças <strong>de</strong> índios e portugueses no Brasil uma figura f<strong>em</strong>inina, que os<br />

aproxima, purificando <strong>em</strong> amor o sacrifício da sua raça. É a Paraguaçu na Bahia, a Arco-<br />

Ver<strong>de</strong> <strong>em</strong> Pernambuco e a Tibiriçá <strong>em</strong> S. Paulo (...)” [HCB, p.30].<br />

A idéia <strong>de</strong>sse encontro romântico entre estas raças não exibe lastro na<br />

historiografia, mas quis <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> i<strong>de</strong>alizá-lo, à moda indianista do século XIX.<br />

Ad<strong>em</strong>ais, a imag<strong>em</strong> “purificada” <strong>de</strong>ste encontro é exibida pelo autor como recurso<br />

compensatório pela real cruelda<strong>de</strong> da investida, traduzida pelo “sacrifício da raça”, que<br />

b<strong>em</strong> sabia o historiador, “<strong>em</strong> parte assimilamos ou eliminamos” 80 .<br />

Vale l<strong>em</strong>brar que na concepção <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> apenas o grupo tupi foi digno <strong>de</strong><br />

78 HCB, p.22-3.<br />

79 "Não existe pecado além do Equador”. HCB, p.22-3.<br />

80 Ibid., p.34 [grifos meus]<br />

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