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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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anos 1920, realmente não se europeizara. Já o europeu, diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação<br />

ao mundo tropical, se indianizou, absorveu aspectos culturais utilitários por ele<br />

selecionados, exibindo um papel <strong>de</strong> comando no processo civilizador. Esta a explicação do<br />

autor, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir que os brancos se tornaram efetivamente índios no seu<br />

processo <strong>de</strong> indianização. Mesmo utilizando uma frase <strong>de</strong> efeito, não é isto que <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong> tenta d<strong>em</strong>onstrar. A sua intenção é salientar que através <strong>de</strong>sses contatos o europeu<br />

colonizador transformou-se, dando vez ao colono, uma espécie <strong>de</strong> <strong>em</strong>brião do brasileiro,<br />

“argamassado” <strong>em</strong> <strong>de</strong>finitivo durante as guerras holan<strong>de</strong>sas. É através da observação das<br />

transformações sofridas por ele ao longo dos anos que o autor vê nascer o ser brasileiro.<br />

Avalia <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> que na primeira geração foi o colono português um<br />

“impressionável”, ao evi<strong>de</strong>nciar permanências <strong>de</strong> uma mentalida<strong>de</strong> medieval que o teria<br />

conduzido na aproximação <strong>de</strong> costumes “bárbaros”, continuados <strong>em</strong> suas gerações<br />

seguintes, até a consolidação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional:<br />

Na primeira geração, o colono era um impressionável, hesitante entre as formas sociais<br />

primitivas que surpreen<strong>de</strong>ra na América e as suas tradições cultas; então o fidalgo d´armas<br />

servia os ofícios <strong>de</strong> justiça e o cavaleiro se afazendava como plebeu <strong>de</strong> sangue mourisco.<br />

Na segunda e d<strong>em</strong>ais gerações absorveu, com crescente abandono do atavismo europeu, os<br />

costumes bárbaros que o cercaram e <strong>em</strong>polgaram. [HCB, p.30]<br />

É <strong>de</strong>sta forma que o autor apresenta as razões que teriam levado o branco português<br />

a iniciar o processo <strong>de</strong> mestiçag<strong>em</strong>, justificando aquilo que rejeitara nos anos 1920. Os<br />

“el<strong>em</strong>entos puros” se misturaram, ampliando o alcance da miscigenação para além dos<br />

baixos estratos sociais. A licença <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> fundamentava-se na observação <strong>de</strong> que<br />

os portugueses eram ainda um povo “<strong>em</strong>bebido <strong>de</strong> medievalismo” nos inícios da<br />

colonização. A partir <strong>de</strong>ste argumento, o autor encontra espaço também para inserir a<br />

contribuição do negro na formação do caráter brasileiro. Para <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, o africano<br />

interessava ao Brasil apenas “como braço”, e não <strong>de</strong>spertou o interesse cultural do<br />

português, ou do colono <strong>em</strong> formação. Apenas diante da mentalida<strong>de</strong> “impressionável”<br />

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