Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Deixou isso claro logo no prefácio do livro, na evocação de Rousseau: “Ne raisonnez
jamais séchement avec la jeunesse 8 . Obediente ao preceito, este livro se fez – é para a
mocidade” 9 . O futuro da nação parecia depender dos jovens filhos das elites letradas,
ciosos de seu passado e de sua formação. A partir daí poderiam projetar o futuro do país,
solidificando a sua definitiva integração ao que Pedro Calmon denominou “sistema
universal da civilização” - no qual o Brasil iniciara sua inserção no século XIX, através da
industrialização tardia 10 . A HCB pretendeu demonstrar que o país estava consolidado em
bases próprias. Mesmo incorporando a influência européia em sua análise, Pedro Calmon
faz questão de declarar uma autonomia histórica do Brasil e do chamado novo mundo: “a
história social da América nada tem de comum com a da Europa” 11 .
A busca por uma autonomia nacional, e pelo reconhecimento de uma
individualidade característica brasileira movimentou muitos intelectuais durante a Primeira
República, e manteve presença nos anos 1930, sob óticas variadas. Explica-se o esforço do
historiador, que ainda somou a adoção de uma cronologia própria, legando início à
civilização brasileira no seu século I, ano da chegada portuguesa às paragens sul-
americanas, lugar que para Pedro Calmon, até então, “era um mundo bárbaro”, uma “terra
verde e pobre, povoada por um gentio que devorava o seu semelhante” 12 .
Para o jurista Hermes Lima foi depois da 1932, com a conhecida Revolução
Constitucionalista, que se deu tanto a “falar apaixonadamente da unidade nacional”, como
forma de amenizar as disputas políticas entre os estados que, acirrando-se, ameaçavam a
“vida da Federação”. Antes disso, na opinião de Lima, a unidade nacional não precisava
ser demonstrada, pois há muito era considerada verdadeiro “axioma”, já estabelecida pela
8 Nunca reflita secamente/rigidamente com relação aos jovens.
9 HCB, p. 3.
10 Ibid., p. 217.
11 Ibid., p.29.
12 Ibid., p. 8.
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