Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A estátua, no entanto, levaria décadas para ser erguida. Nos anos 1920, a pilhéria da<br />
revista CARETA profetizava o insucesso <strong>de</strong> Cândido Campos para aqueles t<strong>em</strong>pos, com a<br />
charge “A estátua da «Mãe Branca» na Praça da República”.<br />
Figura 4 - “A estátua da «Mãe Branca» na Praça da República” 105<br />
A dúvida sobre a competência da Mãe Preta <strong>em</strong> se estabelecer <strong>em</strong> uma estátua<br />
pública – fosse <strong>de</strong> pedra ou bronze, como cantou o hino - baseava-se na flagrante<br />
<strong>de</strong>svalorização que a organização social tentava impor aos negros. Não fora a primeira vez<br />
que a idéia não vingara. Em 1923, o médico Eduardo Cotcking, “dono <strong>de</strong> um dos nomes<br />
mais salientes da nobiliarquia paulista” - segundo a GAZETA DE NOTÍCIAS, e<br />
reconhecido “entusiasta pelo trabalho realizado pelo negro no Brasil”, <strong>de</strong>u voz a uma<br />
campanha para que se erguesse uma estátua ao negro.<br />
Para Cotcking, o negro “<strong>em</strong> geral, não é tão irr<strong>em</strong>ediavelmente primitivo como<br />
parece”, provando mesmo ser “capaz <strong>de</strong> evoluir por si só” - <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u ele, apontando os<br />
casos do Haiti e da Libéria. Seu argumento tenta elidir possíveis críticas sobre a produção<br />
artística <strong>de</strong> uma figura muitas vezes consi<strong>de</strong>rada bizarra – “um verda<strong>de</strong>iro gorila”, talvez.<br />
105 “- Tu que tens boa vista, o que é que está escrito lá no alto daquela estátua?”; “- Ora bolas! Pois eu leio<br />
perfeitamente o seguinte: «QUEM NÃO TEM COMPETÊNCIA NÃO SE ESTABELECE»”. In: CARETA<br />
(RJ), 23 out 1926.<br />
51