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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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puritanos, a amedontrar<strong>em</strong> as feras das florestas com a toada dos salmos; a primeira<br />

população branca do Brasil foi <strong>de</strong> <strong>de</strong>gredados..., sobre essa camada rastreou a fusão<br />

mameluca que cobriu <strong>de</strong> mestiçag<strong>em</strong> mulata e cariboca, - <strong>de</strong> par, é verda<strong>de</strong>, com el<strong>em</strong>entos<br />

puros que s<strong>em</strong>pre coexistiram, <strong>em</strong> número reduzido, no Brasil colonial, e formavam a<br />

aristocracia abastada e po<strong>de</strong>rosa. 16 [grifos meus]<br />

A profusão <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos étnicos reunidos por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> no processo <strong>de</strong><br />

miscigenação se integra na formação do povo brasileiro, amealhando <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

índios, africanos e europeus, <strong>em</strong> suas diversas combinações – mamelucos, mulatos,<br />

caribocas. O autor ressalta, no entanto, que os europeus que se misturaram no Brasil foram<br />

os da qualida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>gredados, ao contrário do que ocorreu na colônia inglesa, povoada<br />

por <strong>de</strong>sertores, ou “trânsfugas políticos”. Assim, os que não se misturaram - os brancos <strong>de</strong><br />

“el<strong>em</strong>entos puros” - eram escalados para o topo da organização social, como se tratasse <strong>de</strong><br />

uma seleção natural, automática. Percebe-se aqui o tom pejorativo dado à miscigenação,<br />

uma vez que só os el<strong>em</strong>entos impuros estariam dispostos a realizá-la. Nesta análise, <strong>Pedro</strong><br />

<strong>Calmon</strong> exibe claramente uma percepção equivocada – mas muito comum à época,<br />

principalmente entre as elites brancas letradas – que confun<strong>de</strong> parâmetros sócio-culturais e<br />

biológicos, e estabelece uma hierarquia racial na construção da socieda<strong>de</strong> brasileira, on<strong>de</strong><br />

os efetivamente brancos eram os que estavam naturalmente aptos para formar uma<br />

“aristocracia abastada e po<strong>de</strong>rosa”. O sentido da mistura restringe-se assim ao ambiente<br />

externo a esta aristocracia, é algo que acontece fora <strong>de</strong> sua esfera. Envolve sujeitos dos<br />

baixos extratos sociais portugueses, e el<strong>em</strong>entos consi<strong>de</strong>rados inferiores racialmente -<br />

índios e africanos, que juntos dão orig<strong>em</strong> ao mestiço, sujeito socialmente subalterno, já que<br />

a aristocracia era composta pelos tais “brancos <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos puros”. Essa visão simplista<br />

<strong>de</strong> estratificação social elaborada por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, colocando acima <strong>de</strong> todos o hom<strong>em</strong><br />

branco lusitano, revela o seu compromisso com as classes dirigentes nacionais, e sua<br />

16 CALMON, <strong>Pedro</strong>. “A América não po<strong>de</strong> viver <strong>de</strong> sua própria história. A influência francesa na Conjuração<br />

Mineira”. In: Anais do Congresso Internacional <strong>de</strong> História da América. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Revista do<br />

IHGB, 1925, v. 5. p. 505-525.<br />

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