Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
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análise, o autor preten<strong>de</strong> apresentar os modos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma civilização<br />
autônoma, <strong>de</strong> características singulares, e construída à força dos braços <strong>de</strong> seus próprios<br />
filhos, os brasileiros. É esta a história que <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> busca contar <strong>em</strong> suas primeiras<br />
produções, e nas seguintes, con<strong>de</strong>nsada pela primeira vez <strong>em</strong> 19<strong>33</strong> na HCB. Sob este<br />
prisma surge a análise dos espaços <strong>de</strong> inclusão e exclusão dos africanos e seus<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes na obra, na socieda<strong>de</strong> da época, e no pensamento <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>.<br />
Como visto no Capítulo 1, no início dos anos 1930 o <strong>de</strong>bate sobre o caráter<br />
nacional muito se baseava <strong>em</strong> conceitos raciais - por isso, ao pensar a formação do povo<br />
brasileiro, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> não se furtou a utilizar esses critérios, optando por <strong>em</strong>pregar a<br />
clássica fórmula da composição das três raças (o branco, o negro, o índio) – proposta por<br />
Martius no século XIX. Durante a Primeira República esta formulação serviu para dar<br />
partida aos discursos <strong>de</strong> cidadania e d<strong>em</strong>ocracia racial, que faziam esquentar os <strong>de</strong>bates<br />
sobre as relações raciais no Brasil daqueles anos, como ficou explicitado no caso da<br />
“<strong>em</strong>baixada abbottina” 29 .<br />
Observar como estas categorias se relacionam entre si na HCB torna-se uma chave<br />
para a compreensão dos significados atribuídos a cada raça por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, como<br />
reflexo dos <strong>de</strong>bates <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po. Não há como analisá-las separadamente já que, na<br />
explicação do autor, é o encontro <strong>de</strong>las que realiza a gênese da nação e do que chama<br />
“maciço brasileiro” 30 .<br />
2.1. DESEQUILÍBRIO DE ORIGEM<br />
<strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> preocupou-se <strong>em</strong> indicar os el<strong>em</strong>entos convergentes que apontaram<br />
29 GETULINO (Campinas, SP), 07 out 1923.<br />
30 HCB, p.34.<br />
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