Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Em <strong>1922</strong>, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> sedimentou o <strong>em</strong>brião do pensamento que lhe fez<br />
companhia a vida inteira. No seu necrológio, <strong>em</strong> 1985, o <strong>de</strong>putado Celso Peçanha<br />
mencionou que era s<strong>em</strong>pre com orgulho que o autor se referia às “raízes e a formação da<br />
nacionalida<strong>de</strong>”. Segundo Peçanha, “enquanto alguns perdiam t<strong>em</strong>po a procurar vícios e<br />
<strong>de</strong>feitos nos arquivos e no sangue e mostravam-se incapazes <strong>de</strong> uma palavra <strong>de</strong> louvor à<br />
herança da colonização”, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> fazia justo o oposto:<br />
Punha <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque os patrimônios recebidos do passado, exibia a potência das matrizes<br />
lusíadas e com o entusiasmo e o fervor <strong>de</strong> um apóstolo abria os braços e proclamava: “Sou<br />
brasileiro, por graça <strong>de</strong> Deus e dos portugueses”. 1<br />
O português é o principal el<strong>em</strong>ento no processo <strong>de</strong> mestiçag<strong>em</strong> admitido pelo autor.<br />
No início <strong>de</strong> sua carreira, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> chegou a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a permanência <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><br />
lusitanos, “el<strong>em</strong>entos puros”, que não teriam participado do processo <strong>de</strong> miscigenação, e<br />
que por isso mesmo, na sua análise, teriam dado orig<strong>em</strong> à aristocracia local, voz <strong>de</strong><br />
comando sobre os d<strong>em</strong>ais – índios, negros, e portugueses dos baixos extratos sociais, que<br />
ao longo dos anos misturaram os seus sangues. No entanto, era evi<strong>de</strong>nte, no cotidiano da<br />
socieda<strong>de</strong> brasileira, a inexistência <strong>de</strong> uma casta <strong>de</strong> homens brancos, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
“el<strong>em</strong>entos puros” daqueles primeiros europeus. Amadurecendo a sua idéia, mas s<strong>em</strong> abrir<br />
mão <strong>de</strong> seu cerne – on<strong>de</strong> o hom<strong>em</strong> branco ocupa lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque – <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong><br />
1 PEÇANHA, Celso. In: CÂMARA DOS DEPUTADOS, Homenag<strong>em</strong> Póstuma ao Dr. <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, ex<strong>de</strong>putado<br />
fe<strong>de</strong>ral, professor e historiador. A requerimento do Dep. João Alves <strong>de</strong> Almeida. Sessão do dia<br />
16 out 1985. Brasília, 1985. p.16 [grifos meus]