15.05.2013 Views

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPÍTULO 3 - OS HERÓIS “FUNAMBULESCOS” DA CONSTRUÇÃO NACIONAL<br />

Quando <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> editou o romance-histórico Malês, A Insurreição das<br />

Senzalas 1 , retomou a t<strong>em</strong>ática da revolta escrava iniciada anos antes com Alma <strong>de</strong> Preta 2 : a<br />

rebelião <strong>de</strong> escravos africanos. Com edição única 3 e tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> mil ex<strong>em</strong>plares, e também<br />

publicação <strong>em</strong> partes seriadas <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> folhetim 4 , Malês contava a história do levante<br />

<strong>de</strong> escravos ocorrido <strong>em</strong> 1835 <strong>em</strong> Salvador, a chamada Revolta dos Malês 5 . Na trama,<br />

escravos seguidores do candomblé e do islamismo se un<strong>em</strong> sob o comando da liberta<br />

africana Luiza Mahim, com o intuito <strong>de</strong> tomar o governo da cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>struir as elites<br />

brancas dirigentes. Com aspectos <strong>de</strong> guerra religiosa, o autor apresenta o que preten<strong>de</strong> ser a<br />

luta da barbárie contra a civilização – esta <strong>de</strong>fendida e representada por homens da<br />

aristocracia local. No <strong>de</strong>correr do enredo, a africana rebel<strong>de</strong> trai seus companheiros <strong>de</strong> luta,<br />

promovendo a queda dos negros diante da violenta repressão que se segue, após contar os<br />

planos insurgentes ao promotor Ângelo Ferraz, o herói do romance.<br />

1 CALMON, <strong>Pedro</strong>. Malês, A Insurreição das Senzalas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Pro Luce, 19<strong>33</strong>. <br />

2 CALMON, <strong>Pedro</strong>. Alma <strong>de</strong> Preta. Rio, Jan <strong>1922</strong>. Manuscrito. Doc.7, Cx.114. Fundo <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> da<br />

FPC.<br />

3 Em 2002 a Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa da Bahia publica uma nova edição <strong>de</strong> Malês <strong>em</strong> com<strong>em</strong>oração ao<br />

centenário <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>.<br />

4 “Folhetim d’A Tar<strong>de</strong>”. In: A TARDE (BA), mar-abr, 19<strong>33</strong>.<br />

5 Ver: BRAZIL, Etienne. “A Revolta dos Malês”. REVISTA DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E<br />

HISTÓRICO DA BAHIA. Vol. <strong>33</strong>, 1907; RODRIGUES, Nina. “Os Negros Maometanos no Brasil”.<br />

JORNAL DO COMÉRCIO. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2 nov. 1900; BRITTO, Eduardo Caldas. “Levante <strong>de</strong> Pretos na<br />

Bahia”. REVISTA DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA, Salvador, Vol. 29, 1903;<br />

QUERINO, Manoel. A Raça Africana e seus Costumes na Bahia – M<strong>em</strong>ória apresentada. 5 o . Congresso<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Geografia. Bahia, Imprensa Oficial do Estado, 1917; VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo. Do<br />

tráfico escravos entre o golfo do Benin e a Bahia <strong>de</strong> Todos os Santos, dos séculos XVII a XIX. 4 a . ed.<br />

Salvador: Corrupio, 2002; REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil: a história do levante dos malês <strong>em</strong><br />

1835. Ed. revista. e ampliada. São Paulo: Cia das Letras, 2003; Ibid., Um balanço dos estudos sobre as<br />

revoltas escravas da Bahia. In: REIS, João José. (org.). Escravidão e Invenção da Liberda<strong>de</strong> – Estudos<br />

sobre o negro no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1988.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!