Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Museu Nacional – t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que os dissabores da vida política o aproximaram mais das<br />
ativida<strong>de</strong>s literárias e acadêmicas 24 .<br />
Escrito <strong>em</strong> um período <strong>de</strong> turbulências, Malês exibe contornos políticos ao buscar<br />
uma m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> glórias na história <strong>de</strong> uma parte das elites baianas ameaçadas <strong>em</strong> seu<br />
t<strong>em</strong>po presente. Por oportuno, sua publicação seriada <strong>em</strong> folhetim dividiu as mesmas<br />
edições que trouxeram as propagandas da chapa autonomista “A Bahia ainda é a Bahia” 25 -<br />
da qual participava <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, ao lado <strong>de</strong> antigos adversários políticos. Declaravam-se<br />
unidos, solidários “no mesmo pensamento superior <strong>de</strong> honrar as suas tradições” 26 , contra o<br />
governo “forasteiro” – o interventor cearense tenente Juracy Magalhães, nomeado por<br />
Vargas. A legenda autonomista, segundo o historiador Paulo Santos Silva, reunia diversos<br />
lí<strong>de</strong>res e grupos r<strong>em</strong>anescentes da República Velha perturbados pela Revolução <strong>de</strong> 1930 27 .<br />
Pretendia lutar pelos seus interesses na Ass<strong>em</strong>bléia Constituinte (1934), conduzindo a luta<br />
“pela Bahia altiva!” 28 – como bradavam <strong>em</strong> suas publicida<strong>de</strong>s. Para <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> a<br />
<strong>em</strong>preitada significou nova <strong>de</strong>rrota – a chapa foi quase que completamente <strong>de</strong>rrotada pelo<br />
Partido Social D<strong>em</strong>ocrata, li<strong>de</strong>rado por Juracy Magalhães.<br />
Desta forma, o início dos anos 1930 não se mostrou favorável ao autor que, mesmo<br />
estabelecido no Rio <strong>de</strong> Janeiro, procurou manter-se coeso àqueles a qu<strong>em</strong> chamava “minha<br />
gente” 29 . Manteve vigorosa correspondência com a intelectualida<strong>de</strong> baiana, e foi<br />
participante nas discussões autonomistas, fazendo-se s<strong>em</strong>pre presente através da imprensa<br />
24<br />
Só no ano <strong>de</strong> 19<strong>33</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> publicou seis livros. Gomes Carneiro, o general da República; A<br />
Fe<strong>de</strong>ração e o Brasil; História da Civilização Brasileira; Malês, a Insurreição das Senzalas; O Marquês<br />
<strong>de</strong> Abrantes e O Rei Cavaleiro (vida <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> I). Nas suas m<strong>em</strong>órias, <strong>de</strong>clarou: “19<strong>33</strong> foi o ano fecundo.<br />
Dei seis volumes”. Cf. CALMON, <strong>Pedro</strong>. M<strong>em</strong>órias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p.184.<br />
25<br />
ARAÚJO, Mariele S. “A Bahia ainda é a Bahia” – Política e Literatura na Bahia <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong>, 19<strong>33</strong>.<br />
Revista <strong>de</strong> História Social. Jan./Fev. 2003.<br />
26<br />
SEABRA, J. J. “Qu<strong>em</strong> não votar na chapa «A Bahia ainda é a Bahia» não terá cumprido seu <strong>de</strong>ver”. In: A<br />
TARDE. Salvador, 28 abr. 19<strong>33</strong>.<br />
27<br />
SILVA, Paulo Santos. A Volta do Jogo D<strong>em</strong>ocrático. Bahia, 1945. Salvador: Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa,<br />
1992. p.21.<br />
28<br />
A TARDE. Salvador, 1 maio 19<strong>33</strong>.<br />
29<br />
CALMON, <strong>Pedro</strong>. M<strong>em</strong>órias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 201.<br />
103