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Discursos Racialistas em Pedro Calmon - 1922/33 - Programa de ...

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perseguições policiais, <strong>de</strong>stacadas com entusiasmo pela imprensa organizada 106 . A luta dos<br />

negros para manter viva sua prática religiosa parece ter valido o único espaço ativo<br />

oferecido por <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> no engendro da sua HCB. Afinal, além do que chamou<br />

“lendas e crenças”, não lhes sobrou no que interferir, propondo o autor outras vias <strong>de</strong> sua<br />

admissão no composto da “mistura” nacional. Não po<strong>de</strong>ndo exercer sua influência, foi o<br />

negro influenciado. Não po<strong>de</strong>ndo impor a sua religião “fetichista”, aparece na Vila Rica<br />

<strong>em</strong> irmanda<strong>de</strong>s católicas <strong>de</strong> pretos a sacudir a cabeça polvilhada com ouro <strong>em</strong> pó, <strong>em</strong><br />

bacias postas à frente das igrejas - potentados do domínio cultural português 107 .<br />

Na ótica do autor, <strong>de</strong>stacam-se da massa <strong>de</strong> escravos Henrique Dias, Calabar, José<br />

do Patrocínio e Luís Gama – ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong>sse processo contrário que, ao invés <strong>de</strong> explicitar<br />

a influência africana na cultura brasileira, aponta como a cultura européia supostamente<br />

alcançou os negros escravos. Evi<strong>de</strong>nciando negros que teriam se “europeizado”, inseridos<br />

nos códigos <strong>de</strong> civilização branca on<strong>de</strong> transitavam com <strong>de</strong>senvoltura, e menosprezando<br />

uma possível africanização dos costumes europeus, <strong>Pedro</strong> <strong>Calmon</strong> pinta o quadro da<br />

con<strong>de</strong>nação da herança africana na cultura brasileira. O reconhecimento <strong>de</strong> valor <strong>de</strong>sses<br />

homens <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência africana <strong>em</strong> nada eleva o estatuto da sua raça, dificultando a sua<br />

aceitação na participação ativa na formação do caráter nacional. São mais exceções que<br />

ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, como já advertia Nina Rodrigues, acerca da “confusão pueril<br />

entre o valor cultural <strong>de</strong> uma raça e as virtu<strong>de</strong>s privadas <strong>de</strong> certas e <strong>de</strong>terminadas<br />

pessoas” 108 . Afrânio Peixoto esclareceu: “As sub-raças originadas do contato são<br />

inferiores, na imensa maioria dos indivíduos, aos seus componentes. As proclamadas<br />

exceções individuais ajudam a regra, e são julgadas com benevolência. [...] A regra é,<br />

106<br />

Cf.: BRAGA, Júlio. Na Gamela do Feitiço: repressão e resistência nos candomblés da Bahia. Salvador,<br />

EDUFBA, 1995.<br />

107<br />

HCB, p.93.<br />

108 a<br />

RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. 6 . ed., São Paulo: Ed. Nacional; Brasília: Ed. UnB, 1982.,<br />

p.4.<br />

93

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