A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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criação sociocultural, que produz conceitos que dividem os seres humanos, é a marca da<br />
igualidade, to<strong>do</strong>s “devem ser iguais”. Segun<strong>do</strong> VELHO, o “desvio” é cria<strong>do</strong> pelo social,<br />
quan<strong>do</strong> este assim o nomeia de “desviante”. Se o “desvio” é nomea<strong>do</strong> e institucionaliza<strong>do</strong>,<br />
passa ter um senti<strong>do</strong> sociológico (1985 p. 61).<br />
Para VELHO, a gênese fisiológica das deficiências é menos significativas <strong>do</strong> que as<br />
atitudes que se aprende ter diante das mesmas (1985 p. 60). Quanto mais rígi<strong>do</strong>s forem os<br />
padrões de normalidade mais excludentes serão os processos sociais que envolvem a<br />
questão das deficiências. Os conceitos e preconceitos que uma cultura cria vão moldan<strong>do</strong> os<br />
comportamentos e definin<strong>do</strong> as formas relacionais que serão mais ou menos<br />
humaniza<strong>do</strong>ras. Na perspectiva da normalidade to<strong>do</strong>s devem balizar seus comportamentos<br />
segun<strong>do</strong> um padrão comportamental simbolicamente consolida<strong>do</strong> nas relações sociais.<br />
Nas séries iniciais começa para todas as pessoas, que nela tiveram a oportunidade de<br />
ingressar, uma jornada de capacitação ao “mun<strong>do</strong>” da normalidade. Se for norma que as<br />
crianças devem alfabetizar-se aos 7 (sete) anos, aquelas que nesta idade apresentam<br />
resistências a enquadrarem-se, nesse tempo cronológico à aprendizagem correspondente,<br />
suspeitar-se-á, da impossibilidade da criança.<br />
Uma dificuldade específica não precisaria ser transposta para o to<strong>do</strong> <strong>do</strong> ser. Há aqui uma<br />
análise unilateral e totalizante ao mesmo tempo. Se a criança que entrou na escola para<br />
aprender a ler e a escrever, "não aprendeu”, se considera que o problema é dela. Se esta<br />
mesma criança tiver outras potencialidades nem terá oportunidade de demonstrar, de<br />
expressar, pois o rótulo que recebe de “não educável” estará permean<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seu ser. A<br />
subjetividade da pessoa é desconsiderada, quan<strong>do</strong> ela é percebida como alguém que “se<br />
desvia”, por não se enquadrar.<br />
“Uma vez definidas como desviantes, a tendência será sempre procurar nas crianças os<br />
sinais e sintomas <strong>do</strong> seu desvio; quaisquer manifestações de sua parte servirão de prova de<br />
sua “excepcionalidade” (VELHO, 1985, p.73). A oposição entre a “normalidade” e a<br />
“excepcionalidade” demonstra uma forma relacional de desigualdade de condições.