A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
177<br />
sociais, é justamente a interdição desse pertencimento. Para reversão deste quadro social<br />
será preciso que haja maior conhecimento, nas instâncias da sociedade, acerca das<br />
adaptações necessárias <strong>do</strong> ambiente e da cultura para incluir as pessoas que portam<br />
deficiências ou quaisquer diferenças menos habituais.<br />
"Se nas lojas os vende<strong>do</strong>res fossem mais prepara<strong>do</strong>s poderíamos ir mais<br />
às compras, se os guardas de rua receberem treinamento saberão abordar<br />
de forma adequada um cego, um sur<strong>do</strong>. A sociedade precisa crescer no<br />
contato com gente diferente (Entrevista realizada em dez. de 2001).<br />
Na entrevista acima, se constata que o acesso da pessoa aos lugares depende <strong>do</strong> fato de<br />
que haja nos mesmos uma outra maneira de recepção, alternativas diferenciadas de<br />
abordagens entre as pessoas, algo que pode ser cria<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a necessidade <strong>do</strong><br />
outro. A possibilidade <strong>do</strong> convívio entre as diferenças e a "troca das cores" poderá<br />
consolidar o conhecimento acerca desta questão e a permanência <strong>do</strong> diverso na dinâmica<br />
relacional entre as pessoas. O acesso das pessoas ao seu meio está imbrica<strong>do</strong> na<br />
oportunidade de convivência e conhecimento. O molde de convivência apresenta regras<br />
fixas de ser e se comportar nos grupos, fora desses se corre o risco de segregação. Eis o<br />
aspecto das relações sociais que precisa ser revisto e reinventa<strong>do</strong>.<br />
"Eu aprendi a me comunicar com minha noiva surda olhan<strong>do</strong> para os<br />
movimentos da mão dela. Cada vez que eu olho para os gestos que ela faz<br />
mais eu apren<strong>do</strong> o que ela diz" (Entrevista realizada em nov. de 2002).<br />
O que se pode inferir desse exemplo, será o fato de olhar para o outro, tal qual ele se<br />
apresenta e, a partir daí ser possível a percepção <strong>do</strong> reconhecimento, enquanto sujeito,<br />
desse outro. Na experiência pessoal informada acima a pessoa aprende a entender seu<br />
parceiro a partir <strong>do</strong> momento em que se dispõe a decifrar seus gestos. Isso é possível,<br />
quan<strong>do</strong> se abrirem os horizontes da expectativa acerca <strong>do</strong> que deve ser o outro, ou seja,<br />
quan<strong>do</strong> se supera o objetivo de que todas as pessoas estejam aptas ao enquadramento no<br />
molde que define o que é ser humano. As pessoas precisam ter ocasião de se encontrarem<br />
umas com as outras em de novas práticas sociais e não unicamente naquela que está<br />
estabelecida previamente pelas convenções sociais.