A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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cultural que leva a uma interlocução com uma pessoa porta<strong>do</strong>ra de deficiência mediada<br />
pelo seu tutor.<br />
A possibilidade de participação e expressão ficou interditada pelo costume de não se<br />
consultar a opinião da própria pessoa sobre sua condição, seus desejos e suas reais<br />
possibilidades. Há um lugar de "menoridade" que é reserva<strong>do</strong> àqueles que têm algum<br />
déficit visível. Nesse lugar acontece uma interdição, posta pelas instâncias sociais, das<br />
condições para o exercício de participação, de autonomia e de cidadania. Sen<strong>do</strong> assim, ao<br />
sujeito são colocadas barreiras que lhe afastam da inserção em seu contexto, lhe é nega<strong>do</strong> o<br />
direito de fazer parte, de assumir responsabilidades, de ter deveres e direitos dentro da<br />
sociedade. Tal qual as crianças devem aguardar pelos adultos para poder "receber" aquilo<br />
de que precisam.<br />
O percurso histórico <strong>do</strong>s equívocos de percepções e méto<strong>do</strong>s acerca das deficiências e<br />
seus significa<strong>do</strong>s para os sujeitos vem sugerin<strong>do</strong> a importância da qualificação deste<br />
debate. Uma superação necessária trata de abrir os espaços institucionais para o<br />
entendimento que portar uma deficiência não é sinônimo de desqualificação pessoal, nem<br />
se trata de "menoridade". As próprias famílias, por vezes em uma situação na qual a<br />
estrutura familiar está marginalizada, acabam fazen<strong>do</strong> uso da deficiência para obterem<br />
recursos <strong>do</strong> governo.<br />
O pedir esmolas associa<strong>do</strong> a imagem das deficiências é uma estratégia de sobrevivência<br />
que ainda acontece. Ocasiões como essas dificultam o processo de ruptura com a imagem<br />
de desvalia, entretanto, estão representan<strong>do</strong>, não apenas expressões individuais, mas,<br />
sobretu<strong>do</strong> um determina<strong>do</strong> tipo de sociedade. Essa sociedade que prioriza o consumo tanto<br />
quanto a "venda" da própria imagem de "<strong>do</strong>ente" para a possibilidade de obter recursos<br />
para a sobrevivência.<br />
Uma discussão conseqüente sobre a "<strong>do</strong>ença como um projeto" foi enfrentada por<br />
CARRETEIRO (2001, p.87-94) sinalizan<strong>do</strong> a situação em que as instituições estão<br />
oferecen<strong>do</strong> aos indivíduos "projetos - <strong>do</strong>enças". O que acontece é que para que a pessoa se