A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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Conforme essa breve incursão histórica, se pode constatar, o quanto de atrocidades foi<br />
cometi<strong>do</strong> às singularidades <strong>do</strong>s sujeitos, em nome de interesses, ideologias e da ignorância<br />
<strong>do</strong>s recursos técnicos que se dispunham. Sen<strong>do</strong> que só a partir da década de 70 os sur<strong>do</strong>s<br />
começam a ter o direito de buscar as alternativas compatíveis com sua forma peculiar de<br />
existência e de possibilidade de expressão e aprendizagem. O referi<strong>do</strong> Congresso teve um<br />
peso demasiadamente expressivo nas condições de educação e comunicação <strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>s, no<br />
senti<strong>do</strong> negativo e prejudicial, uma vez que desrespeita, desconsidera as diferenças<br />
peculiares da surdez, se é impossível para um sur<strong>do</strong> ouvir, como impor ao mesmo uma<br />
aprendizagem pela via da audição? Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVIII até metade <strong>do</strong> século XIX,<br />
a educação pela via da língua <strong>do</strong>s sinais era aceita e considerada normal, após o Congresso<br />
de 1880 fica instituí<strong>do</strong>: “... o pre<strong>do</strong>mínio absoluto de uma única equação, segun<strong>do</strong> a qual<br />
a educação <strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>s se reduz à língua oral” (SKLIAR, 1999, p.109).<br />
Um outro fator que demonstra a inabilidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da ciência e o mun<strong>do</strong> da cultura<br />
social em lidar com as diferenças é a diversidade de uma terminologia para designar a<br />
questão das deficiências. Diversidade que expressa uma série de conceitos equivoca<strong>do</strong>s<br />
quanto a temática, a exemplo deste fato se tem o que segue para denominar as pessoas que<br />
possuem diferenças visíveis: idiotas, imbecis, cretinos, mongolóides, retarda<strong>do</strong>s, bobos da<br />
corte, aberrações, anjos, pequenas criaturas de Deus, infaustos, pára-raios, membros<br />
desafortuna<strong>do</strong>s da sociedade, nefelibáticos, deforma<strong>do</strong>s, deficientes, porta<strong>do</strong>res de<br />
deficiência, especiais (CECCIM, 1999, p.48).<br />
Os primeiros termos menciona<strong>do</strong>s nessa listagem remetem a uma cultura de<br />
impropérios que as pessoas se dizem umas as outras com intenção ofensiva, em casos de<br />
desentendimentos e injúrias. Palavras que são utilizadas, muito comumente, nas relações<br />
afetivas de amor e ódio quan<strong>do</strong> de uma parte se objetiva desqualificar, menosprezar a outra<br />
parte. É uma demonstração <strong>do</strong> quanto se tratou ao longo da história (ainda é tratada) a<br />
questão das deficiências com enorme intolerância às suas singularidades, com profun<strong>do</strong><br />
desconhecimento de causa e desrespeito a diversidade da condição humana.