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A DIVERSIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA - Faders - Governo do ...

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aprovou. Desaprovou inteiramente.. E eles se afastaram e me deixaram aqui.." (frase <strong>do</strong><br />

protagonista <strong>do</strong> filme).<br />

A "desaprovação" passa ter um senti<strong>do</strong> social que atravessa as individualidades. O<br />

exercício da diversidade, a possibilidade de expressar as diferenças no contexto traz a tona<br />

a dificuldade de aceitação e aprovação pelas instâncias institucionais e <strong>do</strong> cultivo no social<br />

de uma moldura para os seres. Fora dessa moldura o resulta<strong>do</strong> provável é a desaprovação e,<br />

portanto a rejeição <strong>do</strong> sujeito que não se acomode na mesma. A imagem e a auto-imagem<br />

pessoal de cada ser passa por este atravessamento de exigências cultuada pelo meio social.<br />

Essa imagem pode ser desqualificada, depreciativa ou qualificada e considerada "padrão".<br />

Segun<strong>do</strong> GOFFMAN, "a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o<br />

total de atributos considera<strong>do</strong>s como comuns e naturais para os membros de cada uma<br />

dessas categorias" (1982 p.11). Como a sociedade, em geral, percebe as pessoas que tem<br />

suas diferenças flagrantemente expostas? Em um depoimento de um militante da setorial<br />

das pessoas porta<strong>do</strong>ras de deficiência, de um Parti<strong>do</strong> de Esquerda, constata-se uma resposta<br />

bem realista para essa questão, que se expressa na fala que se destaca:<br />

“Como um cego é visto pela sociedade? Olham o como “ceguinho”.<br />

Toda a subjetividade, to<strong>do</strong> o talento <strong>do</strong> indivíduo, tu<strong>do</strong> é nega<strong>do</strong> nesta<br />

hora, o sujeito é reduzi<strong>do</strong> à cegueira. Até que ponto a cegueira é um<br />

substantivo? Até que ponto a cegueira é minha substância? Isto é a<br />

ideologia – concepções de certo / erra<strong>do</strong>, normal / anormal – ideologia<br />

que dá e tira prestígio para alguns e para outros. Como se trata o cego?<br />

Ou ralhan<strong>do</strong> ou com o carinho que se dá aos “loucos”. Que bonitinho! É<br />

tão inteligente é mais inteligente <strong>do</strong> que eu (Diário de Campo nov. de<br />

1999).<br />

Nesse depoimento se expressa a percepção <strong>do</strong> quanto a cultura da “normalidade” olha<br />

para a diferença acentuan<strong>do</strong> o limite, numa perspectiva totaliza<strong>do</strong>ra. É como se o porta<strong>do</strong>r<br />

de uma “deficiência” fosse idêntico a um ser deficitário em seu to<strong>do</strong>. Isto demonstra o<br />

quanto o sujeito não é reconheci<strong>do</strong> em sua totalidade, mas é identifica<strong>do</strong> pela<br />

particularidade de sua diferença, que em alguns casos são diferenças restritivas em<br />

determinadas áreas, porém, não impeditivas para o desenvolvimento das demais áreas da<br />

vida.

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