A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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O “modelo clínico terapêutico” luta contra o déficit, contra a deficiência e, nesse<br />
processo, há uma baixa expectativa pedagógica em relação à criança, um superinvestimento<br />
clínico em detrimento <strong>do</strong> investimento pedagógico. Não se desenvolve uma reflexão que<br />
implique o sistema de ensino e seus méto<strong>do</strong>s. A criança é jogada para fora da escola pela<br />
“necessária” visita a inúmeros especialistas, terapeutas que devem dar respal<strong>do</strong> ao<br />
desenvolvimento destas crianças, que são porta<strong>do</strong>ras de algum déficit. Quantas crianças<br />
freqüentaram a escola e ao fisioterapeuta, ao neurologista, ao psiquiatra, ao fonaudiólogo,<br />
ao psicólogo, ao terapeuta de família e a outros especialistas, tu<strong>do</strong> ao mesmo tempo.<br />
No caso das crianças surdas, muitas foram obrigadas a sair das salas de aula para<br />
transitar pelos médicos com o objetivo de “corrigir os defeitos da fala” (SKLIAR, 1999,<br />
p.111). A super valorização de uma visão na qual a deficiência é uma <strong>do</strong>ença e a obstinação<br />
em “vencer” o déficit é equivalente a uma não aceitação <strong>do</strong>s limites humanos significa se<br />
trata de uma rejeição das possibilidades de construir alternativas de potencialidades dentro<br />
das restrições que alguns déficits produzem. O “modelo médico” de igual forma acentua o<br />
déficit, centra seu entendimento e sua técnica na patologia <strong>do</strong> sujeito. “O modelo social da<br />
deficiência”, aponta<strong>do</strong> por SASSAKI, questiona o modelo anterior, de mo<strong>do</strong> que:<br />
“Pelo modelo social da deficiência, os problemas da pessoa com<br />
necessidades especiais não estão nela tanto quanto estão na sociedade.<br />
Assim, a sociedade é chamada a ver que ela cria problemas para as<br />
pessoas porta<strong>do</strong>ras de necessidades especiais, causan<strong>do</strong>-lhes<br />
incapacidades (ou desvantagem) no desempenho de papéis sociais ..”<br />
(1997, p.47).<br />
A questão da acessibilidade se impõe como uma prerrogativa para uma sociedade que se<br />
pretenda democrática e que queira cumprir os princípios da ONU da “igualdade e<br />
equiparação de oportunidades”. Nessa perspectiva de inserção, se tem uma implicação<br />
contextual para responder às demandas <strong>do</strong>s indivíduos e a responsabilidade de incluir nos<br />
processos sociais, a característica singular <strong>do</strong> seres. Não é mais o sujeito patológico que se<br />
percebe, a estrutura da sociedade é que deve ser abrangente e abarcar as diferenças de seus<br />
sujeitos. Sen<strong>do</strong> assim inverteu-se a lógica <strong>do</strong> “modelo médico” e da necessária adaptação<br />
<strong>do</strong> sujeitos ao seu meio e a uma cultura previamente determinada.