A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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As representações sociais e especialmente as condições concretas de vida <strong>do</strong>s sujeitos<br />
sociais denunciam as inúmeras mutilações a que são sujeitas as distinções. A negatividade<br />
dessas representações, referida pela autora acima, bem como também das condições dizem<br />
respeito à idéia de que o outro é diferente. A diferença não é vista como distinção e sim<br />
como desqualificação. Aqui se trata de perceber na diferença a marca <strong>do</strong> desigual como se<br />
fosse o desacor<strong>do</strong>, o desalinho, ou o desvio. Não se considera o fato de que cada ser tem<br />
suas diferenças e que o conjunto delas constitui o mun<strong>do</strong> social percebe-se o outro como<br />
diferente.<br />
O equívoco está coloca<strong>do</strong>, na distinção categorial, ou seja, se faz uma linha divisória<br />
entre a categoria <strong>do</strong>s "iguais" e categoria <strong>do</strong>s diferentes. Nessa categorização recai a<br />
negatividade sobre aqueles que se diferenciam, como um estigma, uma marca. Há uma<br />
demarcação de fronteiras que separa o que permanece e o que fica fora. Assim o mun<strong>do</strong><br />
social se divide em "o nós e o eles". No depoimento abaixo se pode captar um sentimento<br />
que expressa essa prática social separatista:<br />
"É terrível e muito comum observar nos discursos de políticos e<br />
estudiosos, que querem ser progressistas, se referirem a nós porta<strong>do</strong>res de<br />
deficiência como 'vocês'. Dizem 'vocês' precisam de rampas, 'vocês' que<br />
estão nesta condição de exclusão, 'vocês' que lutam com dificuldade para<br />
fazer parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. 'Vocês' que não sou eu, é isso que querem dizer.<br />
'Vocês' lá e eu aqui. Querem falar em inclusão <strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res de<br />
deficiência, mas já estão nos separan<strong>do</strong> na própria fala deles. Onde já foi<br />
colocada uma barreira, uma divisória entre vocês para lá e nós para cá”<br />
(Diário de Campo, fev. de 2001).<br />
TOMAZ (2000, p.74) assinala a lógica binária que subentende uma forma afirmativa de<br />
expressar a identidade na qual será positivo aquilo "que se é" negativisan<strong>do</strong> o que é <strong>do</strong><br />
outro. Trata-se de uma identidade positivada, auto-referenciada que remete a si própria<br />
como ideal. Uma relação que não está explícita, mas subjacente à idéia divisória da<br />
diferença. Nessa cisão "ser branco, ser jovem, ser heterossexual, ser homem" é a identidade<br />
na qual a diferença se opõe: "ser negro, ser velho, ser homossexual, ser mulher". Esse<br />
raciocínio fracionário concebe a diferença em oposição à identidade.