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A DIVERSIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA - Faders - Governo do ...

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71<br />

As representações sociais e especialmente as condições concretas de vida <strong>do</strong>s sujeitos<br />

sociais denunciam as inúmeras mutilações a que são sujeitas as distinções. A negatividade<br />

dessas representações, referida pela autora acima, bem como também das condições dizem<br />

respeito à idéia de que o outro é diferente. A diferença não é vista como distinção e sim<br />

como desqualificação. Aqui se trata de perceber na diferença a marca <strong>do</strong> desigual como se<br />

fosse o desacor<strong>do</strong>, o desalinho, ou o desvio. Não se considera o fato de que cada ser tem<br />

suas diferenças e que o conjunto delas constitui o mun<strong>do</strong> social percebe-se o outro como<br />

diferente.<br />

O equívoco está coloca<strong>do</strong>, na distinção categorial, ou seja, se faz uma linha divisória<br />

entre a categoria <strong>do</strong>s "iguais" e categoria <strong>do</strong>s diferentes. Nessa categorização recai a<br />

negatividade sobre aqueles que se diferenciam, como um estigma, uma marca. Há uma<br />

demarcação de fronteiras que separa o que permanece e o que fica fora. Assim o mun<strong>do</strong><br />

social se divide em "o nós e o eles". No depoimento abaixo se pode captar um sentimento<br />

que expressa essa prática social separatista:<br />

"É terrível e muito comum observar nos discursos de políticos e<br />

estudiosos, que querem ser progressistas, se referirem a nós porta<strong>do</strong>res de<br />

deficiência como 'vocês'. Dizem 'vocês' precisam de rampas, 'vocês' que<br />

estão nesta condição de exclusão, 'vocês' que lutam com dificuldade para<br />

fazer parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. 'Vocês' que não sou eu, é isso que querem dizer.<br />

'Vocês' lá e eu aqui. Querem falar em inclusão <strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res de<br />

deficiência, mas já estão nos separan<strong>do</strong> na própria fala deles. Onde já foi<br />

colocada uma barreira, uma divisória entre vocês para lá e nós para cá”<br />

(Diário de Campo, fev. de 2001).<br />

TOMAZ (2000, p.74) assinala a lógica binária que subentende uma forma afirmativa de<br />

expressar a identidade na qual será positivo aquilo "que se é" negativisan<strong>do</strong> o que é <strong>do</strong><br />

outro. Trata-se de uma identidade positivada, auto-referenciada que remete a si própria<br />

como ideal. Uma relação que não está explícita, mas subjacente à idéia divisória da<br />

diferença. Nessa cisão "ser branco, ser jovem, ser heterossexual, ser homem" é a identidade<br />

na qual a diferença se opõe: "ser negro, ser velho, ser homossexual, ser mulher". Esse<br />

raciocínio fracionário concebe a diferença em oposição à identidade.

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