A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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Para que isso possa se dar será preciso uma profunda revisão <strong>do</strong> conceito de normalidade,<br />
que por si mesmo, se coloca como uma fronteira, um muro que separa os “ditos normais”,<br />
<strong>do</strong>s “não normais”. Além da irrealidade dessa fronteira, ten<strong>do</strong> em vista a perspectiva da<br />
singularidade humana e não a da massificação e padronização se tem nessa, uma<br />
prerrogativa da normalidade. Tal prerrogativa coloca o “excepcional” em oposição ao<br />
“normal”, o “desviante” em oposição ao padrão estabeleci<strong>do</strong>. Essa terminologia expressa<br />
uma lógica excludente, em que alguns seres humanos ficam de fora <strong>do</strong> que é considera<strong>do</strong><br />
normal, aceito e acolhi<strong>do</strong> pela vida em sociedade.<br />
STAINBACK (1999, p.419) sugere a utilização de destaque para as palavras capacidade<br />
e eficiência, no caso da terminologia: inCAPACI<strong>DA</strong>DE e dEFICIÊNCIA. Nessa proposta,<br />
as letras iniciais daquelas palavras estariam em minúsculo com o propósito de ressaltar a<br />
potencialidade, a possibilidade, a funcionalidade. A finalidade desta troca de posição entre<br />
letras minúsculas e maiúsculas pode estar direcionada a uma valorização <strong>do</strong> potencial<br />
daqueles que apresentam algum déficit físico, sensorial ou psíquico. Entretanto, pode-se<br />
objetar que, nesse movimento de trocadilhos, ainda poder-se-á estar conservan<strong>do</strong> a mesma<br />
lógica, na qual o sujeito precisa responder à demanda social de um padrão de<br />
funcionalidade e eficiência. De outra forma, há toda uma potencialidade, não reconhecida<br />
pela sociedade, da capacidade das pessoas porta<strong>do</strong>ras de deficiência, o que leva as mesmas<br />
a movimentos compensatórios, como é destaca<strong>do</strong> na entrevista que segue:<br />
"Geralmente em uma empresa que tem um porta<strong>do</strong>r de deficiência, o<br />
mesmo sempre vai se esforçar para ser o mais competente funcionário.<br />
Este é um esforço que a pessoa faz para ser aceito e também pelo fato<br />
dela já partir <strong>do</strong> déficit" (Entrevista realizada em out. de 2001).<br />
A principal contribuição da diversidade ao social é que as sociedades só se desenvolvem<br />
a partir das diferenças. Onde tu<strong>do</strong> é igual não há movimento, não há crescimento. Cada<br />
qual contribui com sua diferença, com seu jeito peculiar, com as formas alternativas e<br />
criativas para o viver. Assim, o mun<strong>do</strong> vai sen<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> e recria<strong>do</strong> em cada tempo histórico,<br />
a partir da dinâmica de seus movimentos contraditórios.