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A DIVERSIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA - Faders - Governo do ...

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O contexto em que as pessoas vivem suas vidas parece ter si<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> de forma a<br />

ressaltar o déficit das pessoas com diferenças acentuadas. As pessoas porta<strong>do</strong>ras de<br />

deficiência têm “diferenças restritivas” que as faz diferir de um padrão cultural cria<strong>do</strong> e<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como “normal”, como se a naturalidade para os seres humanos fosse um estilo<br />

comum a todas as pessoas. Esse estilo tende a perfeição, é uma estética imaginada para um<br />

ser perfeito, sem limitações físicas, psíquicas e de interação com seu meio social.<br />

Essa estética imaginada se reproduz na forma como a arquitetura social é planejada e<br />

executada, parece não condizer com a realidade da natureza humana. O ser humano é<br />

imperfeito por natureza, é incompleto, é inacaba<strong>do</strong>, portanto, cada um é porta<strong>do</strong>r de<br />

inúmeras limitações em áreas diversas. Não é possível aos indivíduos, enquanto seres<br />

humanos realizar toda a potência universal que está disposta no mesmo. A idéia de<br />

perfeição é um sonho, talvez um forte desejo, impossível de realização plena, no plano<br />

concreto da vida humana.<br />

As pessoas porta<strong>do</strong>ras de uma “diferença flagrantemente visível” demonstram o<br />

inacabamento, a incompletude <strong>do</strong> que é humano, de forma peculiar e, na maioria das vezes,<br />

irrevogável. Quan<strong>do</strong> se fala em considerar o cotidiano <strong>do</strong>s sujeitos que são porta<strong>do</strong>res de<br />

alguma deficiência, se está incluin<strong>do</strong> a necessidade <strong>do</strong> contexto apresentar condições para<br />

essa vivência ser possível de ser exercida com toda a dignidade que merece a vida humana,<br />

em respeito a sua singularidade e a sua incompletude. As barreiras arquitetônicas das<br />

grandes metrópoles desconsideram esta prática peculiar das diferenças, pois o planejamento<br />

urbano é pensa<strong>do</strong> para o homem padrão e não para o “homem em carne e osso”. Observa-se<br />

que não são só os “porta<strong>do</strong>res de deficiência” que sofrem restrições com as barreiras <strong>do</strong><br />

espaço construí<strong>do</strong>:<br />

“... também há os chama<strong>do</strong>s ‘deficientes temporários’, ou seja, aqueles<br />

que momentaneamente tem reduzi<strong>do</strong> sua capacidade de locomoção, tais<br />

como: fratura<strong>do</strong>s, gestantes, enfermos,... os i<strong>do</strong>sos, crianças e aqueles<br />

com problemas orgânicos: cardíacos, hipertensos, reumáticos, diabéticos,<br />

etc.” (LIPPO, 1997, p. 153).<br />

Transformar essa lógica da “homogeneização artificial <strong>do</strong> ser humano”, é um desafio,<br />

uma necessidade premente para a construção de uma sociedade democrática e humana.

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