A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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gregas à tentativa de oferecimento de oportunidades iguais, passan<strong>do</strong><br />
pelo “asilamento” (AMARAL, 1994, p. 14).<br />
Uma outra situação similar à situação da <strong>do</strong>ença mental aconteceu na questão da<br />
deficiência auditiva, onde por muito tempo os sur<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s a imposição da<br />
aprendizagem nos moldes da chamada “oralidade”. Ou seja, a singularidade de um sujeito<br />
que não ouve é constrangida a ter que aprender com méto<strong>do</strong>s que se servem<br />
exclusivamente de recursos <strong>do</strong>s ouvintes. A linguagem gestual e a <strong>do</strong>s sinais eram vedadas<br />
aos sur<strong>do</strong>s. Os sur<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s a uma “ditadura” da oralidade. Para SKLIAR: “...<br />
os sur<strong>do</strong>s foram objeto de uma única e constante preocupação por parte <strong>do</strong>s ouvintes: a<br />
aprendizagem da língua oral e, como se fosse uma conseqüência direta, sua integração ao<br />
mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s demais... ouvintes e normais (1999 p.108).<br />
Para o autor acima referi<strong>do</strong>, existiram motivos políticos, filosóficos e religiosos, mas<br />
não educativos para que a língua <strong>do</strong>s sinais ter si<strong>do</strong> proibida, como aconteceu no<br />
Congresso de Milão em 1880 e que influenciou a educação até a década de 70. Nesse<br />
Congresso foi decreta<strong>do</strong>, por um determina<strong>do</strong> e pequeno número de educa<strong>do</strong>res, que a<br />
língua oral era superior a língua <strong>do</strong>s sinais e, portanto essa segunda estava condenada em<br />
sua utilização.<br />
Naquela época a Itália tinha um projeto de alfabetização e a língua <strong>do</strong>s sinais<br />
representava um desvio, uma vez usada particularizaria uma forma de linguagem<br />
diferenciada da oficial, eis aqui um motivo político. A superioridade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das idéias<br />
proclamada por ARISTÓTELES 5 , representada pela “palavra”, era a expressão <strong>do</strong> que<br />
vigorava em termos filosóficos, naquele Congresso. E, em termos religiosos a influência da<br />
igreja Católica prezava muito a palavra para que as pessoas pudessem se confessar<br />
(SKLIAR, 1999 p.108-10).<br />
5 ARISTÓTELES (384 a.C. a 322 a.C.), um <strong>do</strong>s maiores filósofos da filosofia antiga, considera<strong>do</strong> sucessor<br />
de Platão, no que diz respeito ao senti<strong>do</strong> da<strong>do</strong> a palavra "filosofia", como saber racional e reflexivo. Para<br />
MORENTE (1930 p.27), Aristóteles faz avançar extraordinariamente o cabedal <strong>do</strong>s conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s<br />
reflexivamente e a filosofia passa ser cada vez mais o conjunto <strong>do</strong> saber humano.