A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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demais ou por incomodar as pessoas. A idéia de “correlação linear entre deficiência e<br />
traços de caráter” – “o aleija<strong>do</strong> por ter um bom coração pode tornar-se um lin<strong>do</strong> rapaz<br />
ou o menino cruel que passa a ser repulsivo”. Quan<strong>do</strong> a mensagem é “a normalização<br />
como saída – o patinho feio que se descobre afinal cisne” (1994 p.59).<br />
Existem outras formas de visualizar os preconceitos que permeiam a representação da<br />
deficiência, nas estórias e contos que situam a mesma como: a “solidão inexorável” – a<br />
menina paralítica que só tem como interlocutor um pássaro. O deficiente/diferente no<br />
lugar <strong>do</strong> exótico – o exemplo <strong>do</strong> elefantinho Dumbo. A idéia de “santificação” – o menino<br />
é cura<strong>do</strong> de seu mal por ser bon<strong>do</strong>so. Por fim, a visão da deficiência sob o prisma da<br />
“necessidade de compensação desmesurada” – um pássaro que não voa, mas é sabi<strong>do</strong> e<br />
faz vôos imaginários (AMARAL, 1994, p.60). Todas essas imagens estão perpassadas<br />
destes conteú<strong>do</strong>s eiva<strong>do</strong>s de subestimação da pessoa porta<strong>do</strong>ra de deficiência em seu meio,<br />
como bem nos demonstrou esse autor na relação acima de correspondência entre a estória<br />
infantil e seu significa<strong>do</strong>.<br />
O cotidiano é rico na repetição de valores, modelos, senti<strong>do</strong>s que se passam de maneira<br />
implícita esses significantes subjacentes às mensagens. Rara vez se consegue ter<br />
visibilidade de seus reais significa<strong>do</strong>s. Essa circulação simbólica de imagens e conceitos<br />
contribui muito negativamente para o processo de conscientização <strong>do</strong> potencial criativo<br />
que há na diversidade humana. Essas ideologias reforçam a igualidade, a padronização e a<br />
“normalidade”. Como se poderá mudar as relações sociais se a simbologia que envolve as<br />
mesmas continuar veiculan<strong>do</strong> a expressão da estereotipia? Em que tipo de sociedade se<br />
vive? Os valores que compõem o teci<strong>do</strong> social são valores realmente humanos? Se forem<br />
humanos como podem excluir da vida pessoas, pelo fato das mesmas apresentarem<br />
peculiaridades, déficits, diferenças?<br />
O tempo histórico presente é marca<strong>do</strong> por miséria, desigualdades, concentração de<br />
renda, de terra, de informatização, de poder. É marca<strong>do</strong> também por resistências, pelas<br />
lutas <strong>do</strong>s movimentos sociais, pelo heróico enfrentamento das adversidades, por parte <strong>do</strong>s<br />
excluí<strong>do</strong>s de setores da vida. Na ideologia de um projeto societário neoliberal, está