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A DIVERSIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA - Faders - Governo do ...

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as diferenças não são aceitas, por vezes, são reprimidas com atitudes regula<strong>do</strong>ras e<br />

punitivas, a fim de que se atinja uma generalização <strong>do</strong>s comportamentos. A questão da<br />

normalidade está diretamente ligada à questão da segregação, pois o que não é "normal" é<br />

considera<strong>do</strong> um desviou, algo que deve ficar escondi<strong>do</strong>. O depoimento a seguir denúncia à<br />

maneira como as próprias instituições que "recebem" pessoas porta<strong>do</strong>ras de deficiência<br />

fazem isso de forma a acentuar a segregação:<br />

"As instituições tem acessibilidades para automóveis, para entrada das<br />

pessoas há escadas. Essa é uma situação muito comum às instituições que<br />

atendem pessoas porta<strong>do</strong>ras de deficiência. O motivo de tal fato é<br />

esconder a deficiência, as entidades de porta<strong>do</strong>res de deficiência colocam<br />

carros a disposição para as pessoas não ficarem "expostas", para que a<br />

sociedade não os veja. É para esconder o "deficiente", não é para facilitar<br />

o acesso (Entrevista realizada em jan.2002).<br />

Nessa lógica as pessoas se separam em normais e desviantes, essas últimas ficam<br />

segregadas, ficam fora da chamada “sociedade da normalização”. Não se teria aqui a<br />

fórmula da segregação? Seu significa<strong>do</strong> é a exclusão, a expulsão e a desigualdade de<br />

condições de vida para aqueles que são "diferentes". “No passa<strong>do</strong>, foi decidi<strong>do</strong> que<br />

algumas crianças ou alguns adultos deveriam ser excluí<strong>do</strong>s de nossas vidas, das salas de<br />

aula e das comunidades regulares porque eram considera<strong>do</strong>s uma ameaça à sociedade”<br />

(STAINBACK, 1999, p.28). Em diversos níveis essa situação segregatória é reproduzida,<br />

inclusive pelas famílias. Não é uma prática pouco comum os pais buscarem "proteger" seus<br />

filhos <strong>do</strong> olhar <strong>do</strong>s outros, <strong>do</strong> olhar de reprovação, de rejeição, de incômo<strong>do</strong>, <strong>do</strong> olhar da<br />

"normalidade" sobre a deficiência, <strong>do</strong> olhar que não percebe, que não reconhece, no outro,<br />

a possibilidade de ser diferente. O depoimento, a seguir, ilustra essa reflexão:<br />

"Muitas vezes o esconder a criança porta<strong>do</strong>ra de alguma deficiência<br />

acontece em nome da proteção da mesma. Vejo como exemplo o caso de<br />

uma mãe que carregava seu filho cego no colo, tapa<strong>do</strong> como se fosse um<br />

recém nasci<strong>do</strong>, ele já tinha 1 ano de idade. Sua justificativa era estar<br />

protegen<strong>do</strong> seu filho das outras pessoas., para não chocar as pessoas"<br />

(Entrevista realizada em jan.2002).<br />

Olhan<strong>do</strong> para o déficit, muitas vezes, os "cuida<strong>do</strong>res" desistem de investir na pessoa. A<br />

velha idéia de que uma pessoa porta<strong>do</strong>ra de uma deficiência vivia por menos tempo está

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