A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
166<br />
atravessa a subjetividade das pessoas ten<strong>do</strong> uma conseqüência direta na materialidade de<br />
seu mo<strong>do</strong> de viver.<br />
Embora haja uma força propulsora no movimento das relações sociais para que as coisas<br />
não sejam sempre as mesmas, a tendência a reprodução é um fato. Todavia, a criatividade<br />
humana ultrapassa to<strong>do</strong>s os limites e nas mais diversas situações é sempre possível<br />
transformar o real. Na situação particular <strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>s, por exemplo, existe uma forma<br />
peculiar de viver essa singularidade que não se enquadra na forma comum de oralidade que<br />
está presente no tipo de comunicação que se estabelece em nossa sociedade, como já foi<br />
aborda<strong>do</strong> no capítulo <strong>do</strong>is.<br />
O mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ouvintes, da comunicação oral não é um mun<strong>do</strong> acessível àqueles que têm<br />
um déficit auditivo e não podem ouvir. Entretanto, estes sujeitos pelo fato de não poderem<br />
ouvir não estão impossibilita<strong>do</strong>s de se comunicarem com o mun<strong>do</strong>, desde que a<br />
comunicação possa se dar de formas alternativas, peculiares, adequadas a estas<br />
singularidades.<br />
"O que é mais interessante sobre as crianças surdas não é o fato de que<br />
seus ouvi<strong>do</strong>s não funcionam, mas a rapidez com que aprendem através de<br />
formas visuais da linguagem quan<strong>do</strong> têm oportunidade. Contu<strong>do</strong>, a<br />
educação para as crianças surdas ainda está centrada basicamente na<br />
condição de seus ouvi<strong>do</strong>s e não nos caminhos abertos a seu aprendiza<strong>do</strong>"<br />
(WRIGLEY, 1996, p.100).<br />
O limite para o conhecimento e a inserção esteve nas imposições e concepções sociais<br />
que os impediram, em um determina<strong>do</strong> tempo histórico, de exercer sua singularidade. Ou<br />
seja, se eles uma vez sur<strong>do</strong>s, não podem se valer da linguagem oral (padrão), criam uma<br />
linguagem própria, a <strong>do</strong>s sinais e gestos. Tal linguagem deve ser incluída nos processos<br />
sociais o que implica em se transformar em uma linguagem aceita, considerada e não<br />
apenas utilizada em lugares restritos e em contextos específicos.<br />
“A surdez, como déficit biológico, não priva os sur<strong>do</strong>s da faculdade da linguagem, mas<br />
total ou parcialmente, da língua oral” (SKLIAR, 1999, p.127). Se esta sociedade<br />
possibilitasse a coexistência de uma linguagem alternativa adequada às peculiaridades de