A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
36<br />
AMARAL (1994), se refere a uma antiga estória grega, o “Leito de Procusto”, que será<br />
ilustrativa da referida moldura social. Havia um homem poderoso, rico que tinha o costume<br />
de receber a convite pessoas estranhas ao seu reina<strong>do</strong>. Procusto recebia com toda a honraria<br />
o convida<strong>do</strong>, servin<strong>do</strong> o que havia de melhor, oferecen<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o luxo da casa. O anfitrião<br />
oferecia inclusive um leito luxuoso, com uma determinada moldura na qual o convida<strong>do</strong><br />
deveria encaixar-se. Entretanto, se a pessoa não se adequasse a tal leito, seria compelida ao<br />
enquadre de qualquer maneira, seria cortada, esticada. “A morte era quase certa! Só poucos<br />
e raros convida<strong>do</strong>s, absolutamente adequa<strong>do</strong>s à dimensão pré-estabelecida alcançavam a<br />
velhice” (AMARAL, 1994, p. 44).<br />
É comum encontrar nas lendas gregas uma representação drástica da história e <strong>do</strong><br />
cotidiano <strong>do</strong>s povos em geral. A estória narrada acima é uma figura similar ao mo<strong>do</strong> de<br />
vida que se desenvolve em nossas sociedades, no que diz respeito ao convívio com as<br />
diferenças. Existe pouca tolerância subjacente às relações institucionais, comunais e<br />
pessoais quanto às diferenças e principalmente às diferenças visíveis, como as que<br />
apresentam os porta<strong>do</strong>res de deficiência. É com estranheza que se olham uns aos outros,<br />
quan<strong>do</strong> não se percebe no outro apenas um espelho daquilo que está simbolicamente<br />
delimita<strong>do</strong> como o que tem que ser igual. É difícil conviver e aceitar as singularidades sem<br />
querer cortá-las, emoldurá-las no quadro da sociedade. É como se nada pudesse sobrar,<br />
nada pudesse faltar. Tem que ser exato, correto, perfeito, senão é um “desvio”, um erro.<br />
VELHO diz que “o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> desvio não é o estu<strong>do</strong> de pessoas em si mesmas, mas o<br />
estu<strong>do</strong> da classificação de pessoas na mente <strong>do</strong>s homens” (1985, p.80). Eis nesta<br />
afirmativa a indicação de que se idealiza o real, estratificam-se os comportamentos, e<br />
visualizam-se as pessoas de acor<strong>do</strong> com uma determinada lente focalista, que percebe a<br />
parte e não vislumbra o conjunto. A história das ciências por vezes, como no caso da<br />
medicina, insistiu em conceitos de “normalidade”, penalizan<strong>do</strong> desta forma os chama<strong>do</strong>s<br />
“anormais” com o exílio e a segregação.<br />
Além <strong>do</strong> aspecto da segregação para este segmento da população acontece também um<br />
"esquecimento" de que as pessoas porta<strong>do</strong>ras de deficiência fazem parte deste mun<strong>do</strong>. Para