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A DIVERSIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA - Faders - Governo do ...

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ligada ao fato dessas pessoas não receberem os cuida<strong>do</strong>s adequa<strong>do</strong>s na infância. Por vezes<br />

os cuida<strong>do</strong>s com higiene e com o corpo é relega<strong>do</strong> pelo fato da pessoa ser porta<strong>do</strong>ra de<br />

uma deficiência, bem como os cuida<strong>do</strong>s com a aparência. Nas entrevistas realizadas na<br />

pesquisa se obteve vários exemplos de situações, tais como: o fato da criança não ser<br />

levada ao dentista por ser porta<strong>do</strong>ra de alguma síndrome; uma criança porta<strong>do</strong>ra de<br />

deficiência vestida de maneira pouco alinhada, enquanto seus irmãos não porta<strong>do</strong>res de<br />

deficiência são vesti<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com os costumes da época. Na entrevista abaixo se tem<br />

uma ilustração dessa problemática:<br />

"Muitas vezes estas crianças são criadas sem estímulo da família, sem<br />

alimentação adequada, sem carinho, pois se achava que a perspectiva de<br />

vida era mais curta para tais crianças. Justamente pelo fato de não serem<br />

tratadas com to<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> necessário acabavam por viver menos".<br />

(Entrevista realizada em nov. de 2001).<br />

O déficit é acentua<strong>do</strong> de tal forma com se fosse o to<strong>do</strong> e não apenas parte <strong>do</strong> ser que<br />

porta uma deficiência, e nessa concepção esquece-se de perceber outras habilidades, outras<br />

possibilidades, potencialidades destes sujeitos. É justamente a sua capacidade que deveria<br />

ser reforçada e não a impossibilidade. Parece ser difícil para as pessoas, em geral, perceber<br />

na pessoa porta<strong>do</strong>ra de deficiência, um ser humano integral, não fragmenta<strong>do</strong>, não<br />

reduzi<strong>do</strong> a sua parte deficitária. No cotidiano das pessoas que portam alguma deficiência se<br />

repetem inúmeras situações que demonstram essa análise, como se poderá constatar na<br />

entrevista que segue:<br />

"Um dia meu ginecologista me encaminhou para fazer uma ultrasonografia,<br />

quan<strong>do</strong> eu estava lá na clínica esperan<strong>do</strong> para realizar o<br />

exame, o médico <strong>do</strong> local me indagou, o porquê eu estar ali para fazer<br />

aquele exame. Ele não estava entenden<strong>do</strong> os motivos de uma mulher numa<br />

cadeira de rodas se preocupar com questões ginecológicas. As pessoas<br />

desistem da pessoa porta<strong>do</strong>ra de deficiência, pelo fato de ter uma<br />

deficiência é como se to<strong>do</strong>s os outros setores de sua vida ficassem nulos.<br />

Aí eles pensam que não precisamos nos vestir bem, cuidar de nosso corpo,<br />

sair para namorar" (Entrevista realizada em out. de 2001).<br />

Com essa limitação da percepção acerca das reais condições pessoais de alguém que<br />

porta uma deficiência, as pessoas que se encontram nessa condição foram tratada de forma<br />

a serem reforçadas em sua "impossibilidade". Não se teve um real investimento em seu<br />

potencial. Torna-se freqüente o relato, que se encontra nas entrevistas e se apresenta nos<br />

resulta<strong>do</strong>s desta pesquisa, que diz respeito a uma certa "desistência" da pessoa porta<strong>do</strong>ra de

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