A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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Na sociedade capitalista não há autonomia da economia, nem autonomia das relações<br />
sociais. Há uma complexidade social de implicações e conexões entre as várias esferas da<br />
vida social com a unidade formada pela estrutura econômica. Acontece o que FRIGOTTO<br />
(1989) denomina de “imperativo <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> humano de produção social da existência”. A<br />
teoria <strong>do</strong> materialismo histórico considera o significa<strong>do</strong> da estrutura econômica e<br />
demonstra a influência <strong>do</strong> mesmo sobre as demais esferas da vida e com isso o referi<strong>do</strong><br />
"imperativo <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção", como algo presente no cotidiano. Esses conceitos não<br />
relegam a segun<strong>do</strong> plano as outras esferas da vida social, nem tampouco as consideram de<br />
ordem inferior.<br />
Não há nenhuma redução, na perspectiva dialética, da consciência social, da filosofia, da<br />
arte, da cultura às condições econômicas. O que acontece é uma investigação profunda <strong>do</strong>s<br />
fatos e de suas conexões. Trata-se de uma atividade analítica que pretende o<br />
desmascaramento <strong>do</strong> “núcleo terreno das formas espirituais” (KOSIK, 1976). O<br />
radicalismo da filosofia dialética materialista significa o fato de seu méto<strong>do</strong> buscar a raiz da<br />
realidade social, ou seja, busca entender o homem como sujeito objetivo, concretamente<br />
histórico, que cria a realidade social, a partir <strong>do</strong> próprio fundamento econômico. “O caráter<br />
social <strong>do</strong> homem, não consiste apenas em que ele sem o objeto não é nada, consiste antes<br />
de tu<strong>do</strong> em que ele demonstra a própria realidade em uma atividade objetiva” (KOSIK,<br />
1976, p.113).<br />
O méto<strong>do</strong> dialético com base em MARX não faz nenhum reducionismo à economia,<br />
apenas parte da atividade prática objetiva <strong>do</strong>s homens para desenvolver e explicitar os<br />
fenômenos culturais e demais fenômenos da vida social. A indicação da dimensão social<br />
no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatores humanos é também apontada por GOLDMANN que entende o<br />
pensamento dialético acentuan<strong>do</strong> o caráter total da vida social e não considera possível<br />
separar “seu la<strong>do</strong> material <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> espiritual” (1986 p.66). Para esse autor a<br />
pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>s fatores econômicos acontece na relação dialética <strong>do</strong> homem como ser<br />
vivo e consciente, situa<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>, no ambiente de realidades econômicas, sociais,<br />
políticas, intelectuais e religiosas.