A DIVERSIDADE DA CONDIÃÃO HUMANA - Faders - Governo do ...
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WRIGLEY (1996, p.80) traz ao debate a questão acerca <strong>do</strong> que leva uma igreja, uma<br />
nação, uma cultura, uma identidade a se fechar em si mesma definin<strong>do</strong> uma série de<br />
diferenças como hereges, malignas, irracionais, perversas ou destrutivas. A lógica desta<br />
pergunta leva a contraposição da "lógica" que está expressa nas sociedades, onde o<br />
"normal" é discriminar tu<strong>do</strong> aquilo que é distinto. A colocação dessa questão significa<br />
reterritorializar o problema, o situan<strong>do</strong> em outro lugar que não no sujeito e suas diferenças.<br />
O problema reside na relação entre identidade pessoal e ordem social, em uma<br />
conflituosa interação, onde a dinâmica <strong>do</strong> social cria uma ordem estática que não<br />
acompanha a diversidade característica das identidades que querem se expressar no<br />
contexto ao qual pertencem sem poder pertencer. Não há uma solução única para a<br />
dificuldade de comportar no campo social o conjunto das diferenças.<br />
Faz-se necessário superar a antiga visão que reduzia a possibilidade de resposta<br />
aniquilan<strong>do</strong> as possibilidades de expressão da diversidade. Cada nação, através de suas<br />
instituições representativas, produz o lugar da identidade nacional, tal qual sítios<br />
produtivos. Para se tornar "cidadão" se aprende a aceitar a codificação estabelecida nas<br />
relações que estão postas na produtividade sitiada neste locus. O fracasso ou o sucesso será<br />
diretamente proporcional à assimilação da identidade fabricada pela cultura local. A<br />
diferença se torna, assim, um desvio e uma ameaça a esta ordem consolidada no social.<br />
"Em todas as formas de ditaduras estava a onipotência de um olhar<br />
autoconti<strong>do</strong>, um olhar certo de si e da verdade que impunha. Para esse<br />
olhar, o outro não existe, e com seu desaparecimento simbólico,<br />
comunidades são destruídas, direitos individuais são postos em questão,<br />
saberes sociais tornam-se uma ameaça, e o viver, de fato, torna-se um<br />
inferno. Contra essa sombria visão, nossa única alternativa - e nossa<br />
única esperança - é a resistência ativa <strong>do</strong> outro" (JOVCHELOVITCH,<br />
1998, p.82).<br />
A resistência ao conjunto de medidas "autocontidas" que se conjugam a partir das<br />
instituições sociais requer uma avaliação e reflexão permanente. As reações sociais que não<br />
reconhecem o outro como parte <strong>do</strong> conjunto culminam na exterminação das diferenças. Ao<br />
longo da história, como será visto no próximo capítulo, se viveu sob a égide <strong>do</strong> extermínio<br />
das deficiências. Contu<strong>do</strong>, tenha si<strong>do</strong> o aniquilamento das deficiências e diferenças uma