13.07.2015 Views

A Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva do Estado - Emerj

A Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva do Estado - Emerj

A Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva do Estado - Emerj

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

panhia aberta” 65 , inspira<strong>do</strong> na Escola <strong>do</strong> Realismo Científico, que transcrevoa seguir, com a devida vênia, para conhecimento de eventuaisinteressa<strong>do</strong>s.VII - Interpretação realista 66 da alienação de controle decompanhia aberta37. O controle é um bem intangível da companhia, cujo valor,a título de ágio, sobrevalor, sobrepreço ou prêmio, deve ser partilha<strong>do</strong>entre controla<strong>do</strong>res e minoritários e, até mesmo, preferencialistas, ou ocontrole é um valor econômico inerente exclusivamente às ações ordináriascom direito de voto que compõem o bloco de coman<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong> jusao ágio ou prêmio apenas os controla<strong>do</strong>res?38. Se pregarmos que o ágio ou prêmio, correspondente ao poderde controle, integra o preço <strong>do</strong> bloco de coman<strong>do</strong> e, portanto, deve pertencertão somente aos controla<strong>do</strong>res, ou se advogarmos que o controleé um sucedâneo da valorização patrimonial da companhia e, por conseguinte,o ágio deve ser partilha<strong>do</strong> entre controla<strong>do</strong>res e minoritários, ouse sustentarmos que a lei deve assegurar a controla<strong>do</strong>res, minoritários epreferencialistas, indistintamente, o direito à percepção <strong>do</strong> ágio, pois o65 Publica<strong>do</strong> in Reforma da Lei das Sociedades Anônimas, Forense, 2002, p. 505 a 524, por mim coordena<strong>do</strong>.66 No final <strong>do</strong> século XIX, Oliver Holmes, juiz da Suprema Corte <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, lançou os fundamentosda Escola de Jurisprudência Sociológica Americana, depois desenvolvi<strong>do</strong>s por Benjamin Car<strong>do</strong>so e RoscoePound, haven<strong>do</strong> Pound, de forma lapidar e inova<strong>do</strong>ra, defendi<strong>do</strong> que (a) o Direito “é uma ciência de engenhariasocial”; (b) “o Direito deve ser estável e, sem dúvida, não pode permanecer inalterável”; (c) “a tarefa <strong>do</strong> Direito naresolução <strong>do</strong>s conflitos de interesses é eminentemente prática, eficaz, executiva”; (d) “a tarefa de engenharia social<strong>do</strong> Direito é ajustar os interesses em conflito, detectan<strong>do</strong> os de maior prioridade sobre os demais”; (e) para valorarum problema jurídico ou conflito litigioso é necessário captar o senti<strong>do</strong> e o alcance de fatos abrangi<strong>do</strong>s pelo problema”(apud Maria da Conceição Ferreira Magalhães, A Hermenêutica Jurídica, Forense, 1989, p. 80/84).Inspiran<strong>do</strong>-se em Holmes, Car<strong>do</strong>so e Pound, eminentes juristas americanos criaram a Escola <strong>do</strong> Realismo Jurídico, que,ultrapassan<strong>do</strong> a Escola Sociológica, sustenta ser o direito real, efetivo, concreto o declara<strong>do</strong> pelos tribunais ao julgaremcasos concretos e não produto de um méto<strong>do</strong> silogístico-dedutivo, frio e mecânico, puramente lógico-racional.Enquanto nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América as Escolas Sociológica e Realista granjeavam adeptos, na Europa se fortaleciae expandia, por inspiração das ideias <strong>do</strong> Círculo de Viena, da escola de Upsala e de Cambridge, a Escola <strong>do</strong> RealismoEmpírico, à frente Alf Ross, Lundstedt e o sueco Olivecrona, segun<strong>do</strong> a qual os juristas não devem pautar-se pelo idealismometafísico, que sustenta poder chegar-se ao conhecimento imediatamente através da razão e independente <strong>do</strong>ssenti<strong>do</strong>s e da experiência (o denomina<strong>do</strong> conhecimento a priori), mas pelo Realismo Científico, que nega ser possívelatingir-se o conhecimento apenas exercitan<strong>do</strong> a faculdade da razão, em especial no campo <strong>do</strong> Direito, em que deveprevalecer o estu<strong>do</strong>, a observação e a verificação <strong>do</strong>s fatos e fenômenos sociais, aos quais se aplicará o Direito positivopelos tribunais e se tornará eficaz a norma por sua aceitação por parte da consciência jurídica popular.Ao referir-me a “interpretação realista” da questão <strong>do</strong> prêmio na alienação de controle de companhia aberta,preten<strong>do</strong>, inspira<strong>do</strong> nos cânones das Escolas de Jurisprudência Sociológica Americana, <strong>do</strong> Realismo Jurídico, <strong>do</strong>Realismo Empírico, enfim <strong>do</strong> Realismo Científico, abordar o tema de forma “eminentemente prática, eficaz, executiva”,ten<strong>do</strong> em conta “o senti<strong>do</strong> e o alcance <strong>do</strong>s fatos abrangi<strong>do</strong>s pelo problema” (cfr. Roscoe Pound), “o Direitoreal, efetivo, concreto” e não o elabora<strong>do</strong> de forma apriorística, pois, a meu ver, no campo <strong>do</strong> Direito, o que deveprevalecer é o estu<strong>do</strong>, a observação e verificação <strong>do</strong>s fatos e fenômenos sociais e se a sua aplicação pelos tribunaisfará Justiça às partes.R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 55, p. 240-260, jul.-set. 2011 253

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!