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A Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva do Estado - Emerj

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No final <strong>do</strong> século XIX e, principalmente, no início <strong>do</strong> século XX,com a Reforma Urbana implementada pelo Prefeito <strong>do</strong> então Distrito Federal,Francisco Pereira Passos, as habitações coletivas (casas de cômo<strong>do</strong>se, principalmente, cortiços e estalagens) foram duramente combatidas egrande número delas destruí<strong>do</strong>, sem oferecer-se a boa parte das classesmais pobres que ali residiam outra alternativa formal de moradia. Trataseda conhecida política higienista, que identificou as habitações coletivascomo o principal foco das epidemias que assolavam a cidade, agravadapelo também notório empreendimento moderniza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Prefeito PereiraPassos, que desapropriava e derrubava diversos prédios ocupa<strong>do</strong>s poroperários para a abertura de avenidas, o alargamento de ruas, a construçãode prédios comerciais etc., buscan<strong>do</strong> fazer com que o espaço dacapital “simbolizasse concretamente a importância <strong>do</strong> país como principalprodutor de café <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que expressasse os valores e os modi vivendicosmopolitas e modernos das elites econômicas e políticas nacionais”. 32Além disso, ou melhor, entrelaça<strong>do</strong> a tais movimentos, foram erigidasnormas jurídicas muito rígidas para a construção civil, as quais nãosó proibiam a reforma <strong>do</strong>s cortiços ainda existentes, como impunham emminúcias como deveriam ser feitas as construções imobiliárias, o que dificultavasobremaneira até mesmo a ocupação <strong>do</strong> subúrbio lotea<strong>do</strong> dacidade (ainda pouco aproveita<strong>do</strong>) pelas classes mais pobres.Consequentemente, ten<strong>do</strong> em vista o coevo ritmo acelera<strong>do</strong> <strong>do</strong>crescimento populacional da cidade, por conta da chegada constante demigrantes, a ocupação <strong>do</strong>s morros e encostas <strong>do</strong> maciço da Tijuca – emtorno <strong>do</strong> qual se vinha expandin<strong>do</strong> horizontalmente a cidade – e o desenvolvimentoda moradia de favela (a negação estética <strong>do</strong> modernismopreconiza<strong>do</strong> pela Reforma Passos) se tornaram inevitáveis.Atrain<strong>do</strong> grande quantidade de força de trabalho e não oferecen<strong>do</strong>opções de residência legalizada na cidade, era inevitável que o Rio deJaneiro visse surgir, a partir de então, uma nova forma de habitação que,pela precariedade de sua construção, e pelo desafio que representava aocontrole urbanístico, constituiu-se em verdadeira negação da estética demodernidade que se procurava dar à cidade. Essa forma de habitação foia favela. 3332 ABREU, Maurício de A.. A Evolução urbana... Op. cit., 1987, p. 60.33 ABREU, Maurício de A.. "A cidade, a montanha e a floresta". In: Natureza e Sociedade no Rio de Janeiro. Rio deJaneiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1992, p. 90. Com uma outra perspectiva, mas em senti<strong>do</strong> muito próximo,cf. MARICATO, Ermínia. Op. cit., 1996, p. 38, onde se lê: “[o] aparato legal urbano, fundiário e imobiliário, que seR. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 55, p. 66-86, jul.-set. 2011 79

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