Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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110 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
(1519, 1522,1527 e 1535), o texto permaneceu praticamente o mesmo,<br />
e esse era “o mais sério defeito” das edições de Erasmo.12<br />
Infelizmente, foi assim que o NT grego foi ofereci<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong>!<br />
O Texto Recebi<strong>do</strong><br />
A reação <strong>do</strong> público diante <strong>do</strong> primeiro NT grego impresso foi<br />
diversa. De um la<strong>do</strong> houve ampla aceitação, e muitos compra<strong>do</strong>res<br />
foram encontra<strong>do</strong>s através da Europa. Dentro de três anos, Erasmo<br />
preparou uma nova edição, e a tiragem total das edições de 1516 e<br />
1519 alcançou 3 300 exemplares. A segunda edição, agora intitulada<br />
Novum Testamentum, foi a base da tradução alemã de Martinho<br />
Lutero. De outro la<strong>do</strong>, porém, a obra de Erasmo foi recebida com<br />
grande preconceito e até mesmo com declarada hostilidade. Três<br />
fatores contribuíram para isso: 1) as várias diferenças que havia entre<br />
sua nova tradução latina e a consagrada Vulgata; 2) as longas<br />
anotações, nas quais procurava justificar sua tradução e 3) a inclusão,<br />
entre as notas filológicas, de diversos comentários cáusticos sobre a<br />
vida desregrada e corrupta de muitos sacer<strong>do</strong>tes. Como resulta<strong>do</strong>,<br />
clérigos protestaram fazen<strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s púlpitos, e seu clamor se fez<br />
ouvir por toda a parte. Universidades, como as de Cambridge e<br />
Oxford, proibiram seus alunos de lerem os escritos de Erasmo, e os<br />
livreiros de os venderem.<br />
Dentre as críticas levantadas contra Erasmo, uma das mais sérias<br />
veio da parte de Lopes de Stunica, um <strong>do</strong>s editores da Poliglota<br />
Complutense, que o acusou de não incluir no texto de 1 João 5.7 e 8<br />
a Coma Joanina. Erasmo replicou que não havia encontra<strong>do</strong> nenhum<br />
ms. grego que a contivesse, e descuidadamente prometeu que a<br />
incluiria em suas próximas edições se apenas um único ms. grego que<br />
trouxesse a passagem no texto lhe fosse apresenta<strong>do</strong>. O ms. foi-lhe<br />
trazi<strong>do</strong>, e Erasmo cumpriu sua promessa na terceira edição, de 1522,<br />
mas em longa nota marginal revela suas suspeitas de que o ms. havia<br />
si<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> unicamente para confundi-lo. Segun<strong>do</strong> Metzger, esse<br />
12 A land & A l a n d , The text of the New Testament, p. 4.