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Critica-Textual-do-Novo-Testamento

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18 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />

O primeiro deles consiste na distância entre as cópias mais<br />

completas e os autógrafos. O NT estava completo, ou essencialmente<br />

completo, por volta <strong>do</strong> ano 100, sen<strong>do</strong> que a maioria <strong>do</strong>s livros já<br />

existia cerca de 20 a 50 anos antes dessa data, e, de todas as cópias<br />

manuscritas que chegaram até nós, as melhores e mais importantes<br />

remontam aproximadamente aos mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século IV. A distância em<br />

relação aos autógrafos, portanto, chega a perto de três séculos, o que,<br />

se por um la<strong>do</strong> pode consistir num problema, por outro faz com que<br />

o NT seja a obra mais bem <strong>do</strong>cumentada da antigüidade.<br />

Os clássicos tanto gregos quanto latinos, cuja autenticidade quase<br />

ninguém põe em dúvida, levam grande desvantagem quanto ao tempo<br />

que separa os mais antigos mss. de seus originais em relação aos<br />

escritos neotestamentários. A cópia mais antiga que existe de<br />

Eurípedes foi escrita 1 600 anos depois da morte <strong>do</strong> poeta. No caso<br />

de Sófocles, o intervalo é de 1 400 anos, o mesmo acontecen<strong>do</strong> com<br />

Esquilo e Tucídides. Quanto a Platão, o intervalo não é muito menor:<br />

encontra-se ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s 1 300 anos. Entre o latinos, embora levem<br />

vantagem sobre os gregos, a situação não é muito diferente. Enquanto<br />

em Catulo o intervalo é de 1 600 anos e em Lucrécio de mil anos,<br />

Terêncio e Lívio reduzem-se para 700 e 500 anos respectivamente. Só<br />

Virgílio aproxima-se <strong>do</strong> NT, pois há um ms. completo de suas obras<br />

que pertence ao século iv, sen<strong>do</strong> que o autor faleceu no ano 8 a.C.<br />

Quão diferente, porém, é a situação <strong>do</strong> NT nesse aspecto. Além <strong>do</strong>s<br />

famosos mss. <strong>do</strong> século iv, escritos em pergaminho, existem ainda<br />

consideráveis fragmentos em papiro de praticamente to<strong>do</strong>s os livros <strong>do</strong><br />

NT, que nos fazem recuar até o século III ou, como em alguns casos,<br />

até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século II. Enfim, embora dispon<strong>do</strong> apenas de cópias<br />

posteriores, podemos citar o veredicto pronuncia<strong>do</strong> por Sir Frederic<br />

G. Kenyon, destaca<strong>do</strong> estudioso da primeira parte deste século e<br />

grande autoridade em mss. antigos:<br />

O intervalo, então, entre as datas da composição original e a mais<br />

antiga evidência subsistente torna-se tão reduzi<strong>do</strong> de sorte que é<br />

praticamente desprezível, e o derradeiro fundamento para qualquer<br />

dúvida de que nos hajam as Escrituras chega<strong>do</strong> às mãos<br />

substancialmente como foram escritas já não mais persiste. Tanto a<br />

au ten ticidade quanto a in tegridade geral <strong>do</strong>s livros <strong>do</strong> NT podem

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