Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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154 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
<strong>do</strong> AT, há várias delas que “exibem uma concordância literal com a<br />
LXX” .23<br />
Deve-se decidir pela variante que melhor se harmonize com o livro<br />
em questão. A variante de um texto não pode ser considerada original<br />
se entra em choque com o capítulo ou versículo correspondentes, ou<br />
com o caráter geral <strong>do</strong> livro, quer na simples interrupção da fluidez <strong>do</strong><br />
pensamento, quer no emprego de vocábulos ou estilos diferentes aos <strong>do</strong><br />
autor original. Outras vezes, a própria teologia <strong>do</strong> autor pode ser<br />
contrariada. A questão <strong>do</strong> estilo, porém, deve ser vista com relativo<br />
cuida<strong>do</strong>, pois, além daqueles que fizeram uso de fontes (como Mateus<br />
e Lucas) e de secretários ou assistentes (como Pedro, Paulo e João), os<br />
autores não eram obriga<strong>do</strong>s a usar as mesmas palavras ou expressões<br />
diversas vezes ao longo <strong>do</strong> livro. Isso significa que uma forma rara<br />
pode, em determina<strong>do</strong>s momentos, ser a original, enquanto outra mais<br />
comum pode representar apenas “o esforço de um escriba por<br />
regularizar o estilo <strong>do</strong> autor” .24 Diante dessa possibilidade, um exame<br />
individual <strong>do</strong>s hábitos <strong>do</strong>s copistas e corretores, especialmente na<br />
escolha <strong>do</strong>s sinônimos ou verbos, talvez revele seu próprio estilo ou<br />
tendência.<br />
Deve-se eleger a variante que melhor explique a origem das outras.<br />
Ti<strong>do</strong> como a “contraprova” para a escolha de uma variante,25 esse<br />
princípio traz por fundamento o fato de que os vários tipos de<br />
alterações involuntárias ou intencionais geralmente apontam para uma<br />
forma antecedente da qual uma ou mais variantes podem ter-se<br />
Mateus). Um claro exemplo dessa dupla dependência de Marcos está nas passagens<br />
paralelas de Mateus 9.6 e Lucas 5.24, que apresentam uma fraseologia praticamente<br />
idêntica à de Marcos 2.10 e 11, até com a mesma dificuldade gramatical. Mateus e<br />
Lucas, porém, concordam ainda em outros 250 versículos de um material que não é de<br />
Marcos e que os críticos costumam chamar de Q, <strong>do</strong> alemão Quelle, que significa<br />
“fonte”. (Para uma discussão mais completa sobre o assunto, veja Donald Guthrie,<br />
New Testament introduction, p. 121-87.)<br />
23 NICOLE, New Testament use of the Old Testament, em Revelation and the Bible,<br />
p. 148.<br />
24 Greenlee, op. cit., p. 115.<br />
25 Z im m erm a n n, op. cit., p. 44.