Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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14 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
se examina. Só assim serão exeqüíveis a reconstituição da história <strong>do</strong><br />
texto sagra<strong>do</strong> da forma mais completa possível e a conseqüente edição<br />
de um texto que busque refletir com exatidão os termos <strong>do</strong> original.<br />
Visto ser necessário o estabelecimento de um texto confiável antes<br />
de passar a outros estu<strong>do</strong>s, a crítica textual costumava ser chamada de<br />
baixa crítica, como que a representar os níveis primários na estrutura<br />
<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> crítico, em contraposição à alta crítica,6 que estuda os<br />
problemas de composição, incluin<strong>do</strong>-se o autor, a data, o lugar e as<br />
circunstâncias em que foi escrito o material em questão. As expressões<br />
“baixa crítica” e “alta crítica” , porém, têm da<strong>do</strong> margem a objeções<br />
por parecerem indicar diferentes graus de importância. Em vista disso,<br />
em tempos recentes têm si<strong>do</strong> substituídas respectivamente pelas<br />
expressões “crítica textual” e “crítica histórica” , que melhor<br />
descrevem a natureza e os objetivos de ambas as ciências.7<br />
Talvez convenha destacar ainda que a crítica bíblica, como tal,<br />
incluin<strong>do</strong>-se a textual e mesmo a histórica, não significa propriamente<br />
essa ou aquela opinião, nem representa esse ou aquele grupo de<br />
opiniões formuladas em relação à Palavra de Deus. Significa, sim, um<br />
temperamento, atitude ou disposição intelectual que se move na<br />
direção da verdade desconhecida, mas conhecível, com respeito e<br />
devoção e livre de preconceitos ou pressuposições estranhas às<br />
Escrituras Sagradas. Isso não significa, todavia, que tenha si<strong>do</strong> sempre<br />
assim. Grandes abusos já foram cometi<strong>do</strong>s por muitos <strong>do</strong>s que se<br />
engajam nesse tipo de trabalho, por estarem repletos de idéias<br />
preconcebidas contra o cristianismo tradicional e seu conteú<strong>do</strong><br />
teológico. A crítica bíblica, porém, quan<strong>do</strong> devidamente aplicada, está<br />
a serviço da fé, com o objetivo de descobrir, tanto quanto possível,<br />
seus fundamentos racionais e verdadeiros e assim fazê-los passar de<br />
6 A expressão “alta crítica” foi pela primeira vez aplicada à literatura bíblica por<br />
J. G. Eichhorn, no prefácio da segunda edição de sua obra Einleitung in das Alte<br />
Testament (1787): “Tenho si<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong> a dedicar a maior parte de meus labores<br />
num campo até o momento inteiramente esqueci<strong>do</strong>: a investigação da constituição<br />
interior de cada livro <strong>do</strong> AT mediante a ajuda da crítica mais alta — nome novo<br />
para os não-humanistas”.<br />
7 Veja George El<strong>do</strong>n La d d , The New Testament and criticism, p. 55.