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Critica-Textual-do-Novo-Testamento

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212 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />

O fragmento foi submeti<strong>do</strong> a muitos testes, inclusive com o<br />

computa<strong>do</strong>r. Em Liverpool, por exemplo, foi confronta<strong>do</strong> com toda a<br />

literatura greco-cristã, mas a resposta foi sempre a identificação com<br />

o trecho de Marcos. E, depois de mais de uma década de estranho<br />

silêncio, o assunto veio novamente à tona em 1987, com a publicação,<br />

pelo Instituto Bíblico de Roma, de um ensaio <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r luterano<br />

Carsten Peter Thiede, de Wetzlar, afirman<strong>do</strong> categoricamente, com<br />

base em critérios paleográficos e crítico-textuais, que o texto<br />

fragmentário <strong>do</strong> 7Q5 é de fato Marcos 6.52 e 53 e, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> escrito<br />

por volta <strong>do</strong> ano 50 e com certeza antes <strong>do</strong> ano 6 8 , ano em que as<br />

cavernas de Qumram foram fechadas, esse ms. consiste no mais antigo<br />

fragmento conserva<strong>do</strong> de um texto <strong>do</strong> NT.7<br />

Numa tentativa de pôr fim às controvérsias, entre os dias 18 e 20 de<br />

outubro de 1991 foi realiza<strong>do</strong> um congresso internacional na<br />

Universidade Católica de Eichstätt, na Alemanha, unicamente para<br />

tratar <strong>do</strong> assunto, e pode-se dizer que a evidência <strong>do</strong> 7Q5 foi<br />

oficializada, embora os estudiosos que contrariam a tese de<br />

O'Callaghan tenham-se furta<strong>do</strong> a comparecer. Eles, que nunca<br />

chegaram a propor uma identificação alternativa consistente, insistiam<br />

em que a identificação com o texto de Marcos era arbitrária e<br />

tendenciosa e baseavam suas alegações principalmente em um traço<br />

vertical na segunda linha <strong>do</strong> ms., que, segun<strong>do</strong> afirmavam, tratava-se<br />

de um iota, enquanto O'Callaghan dizia ser parte de um ni. Para<br />

eliminar de uma vez a dúvida, foi solicita<strong>do</strong> à Polícia de Israel que<br />

fotografasse o fragmento com técnicas especiais, e o lau<strong>do</strong> final,<br />

divulga<strong>do</strong> em 22 de maio de 1992, confirmou a existência de um traço<br />

perpendicular partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> alto <strong>do</strong> traço vertical. Três meses depois, ao<br />

visitar o Brasil, o Padre O'Callaghan declarou que, com esse resulta<strong>do</strong>,<br />

a principal crítica à sua tese caiu definitivamente por terra . 8<br />

Mas não pára por aí. Ainda no congresso de Eichstätt, Thiede,<br />

numa de suas preleções, apresentou outra descoberta de O'Callaghan,<br />

menos conhecida que o ms. 7Q5. O'Callaghan estivera trabalhan<strong>do</strong> nos<br />

7 Ap. Antonio Socci, 30 dias, p. 8-10.<br />

8 Veja a matéria “Papiro causa polêmica na Igreja”, publicada pela Folha de São<br />

Paulo, na edição de 30 de agosto de 1992 (caderno 6, p. 13).

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